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 | 26/08/2010 21h43min

Diplomatas estão no México para identificar imigrantes mortos

Os 72 corpos foram encontrados na cidade mexicana de Matamoros

Diplomatas de Brasil, Honduras, El Salvador e Equador chegaram nesta quinta-feira à cidade mexicana de Reynosa, na fronteira com os Estados Unidos, para identificar os corpos de 72 imigrantes ilegais assassinados, segundo Bolívar Hernández, delegado da Procuradoria do Estado de Tamaulipas. Os representantes dos quatro países estão protegidos por um forte esquema de segurança, relata Hernández.

O grupo foi chamado pelas autoridades mexicanas para colaborar na identificação dos corpos, supostamente imigrantes desses países, que foram assassinadas em um rancho próximo à cidade de San Fernando. Os corpos dos 72 imigrantes ilegais foram localizados na última terça-feira por militares da Marinha após um confronto com supostos traficantes de drogas.

Um equatoriano de 18 anos sobreviveu ao massacre. O jovem, que sofreu um ferimento no rosto, se fugiu de morto. Ele disse às autoridades que 'Los Zetas' executaram os imigrantes depois de ter oferecido mil dólares por quinzena para que se unissem à organização. Após resposta negativa, os integrantes do grupo foram executados. Ele está em um hospital sob forte vigilância e receberá proteção do Ministério Público.

Los Zetas

O bando formou-se a partir de um grupo de 40 antigos membros das forças especiais do Exército mexicano, recrutados pelo então tenente Arturo Guzmán, para criar os anéis de segurança do chefão do cartel do Golfo, Osiel Cárdenas.

Guzmán, que havia desertado do Exército em 1997 convenceu vários de seus companheiros a trabalhar para Cárdenas, que lhes pagava mais de 50.000 dólares anuais, acima do que recebiam do estado, segundo depoimento de um ex-membro, mencionado em um informe judicial mexicano.

Cárdenas está atualmente detido nos Estados Unidos, para onde foi extraditado em 2007. Depois de sua captura, 'Los Zetas' entraram na disputa pelo controle do cartel do Golfo.

— Por sua experiência e formação militar, ganharam terreno até converter-se em adversários de seus antigos chefões que disputam rotas nos estados de Tamaulipas e Nuevo León — explica Raúl Benítez, pesquisador de assuntos ligados à segurança nacional da Universidade Nacional Autônoma do México.

Autoridades locais atribuem a essa disputa mais de 1.000 assassinatos ocorridos nestes estados durante o ano. Junto ao narcotráfico, 'los Zetas', que costumam vestir-se de preto e utilizam patentes de tipo militar para diferenciar-se, realizam outras atividades como o tráfico de combustível roubado no México para os Estados Unidos e o sequestro de imigrantes.

—  Os Zetas controlam várias rotas que os permitem mover-se da Guatemala à fronteira com os Estados Unidos, atravessando o território mexicano muitas vezes em cumplicidade com a polícia local.Capturam os imigrantes para pedir resgate às famílias nos Estados Unidos ou, no caso dos mais pobres, para utilizá-los como 'mulas' para levar cocaína" aos Estados Unidos — conta Benítez.

Confira no mapa o local onde os corpos foram encontrados:


Visualizar Massacre com morte de 72 pessoas no México em um mapa maior

AFP
 
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