Se o Brasil teve o Maracanazo, quando da decisão da Copa de 50, é possível dizer que nessa segunda-feira, aqui em Santiago, presenciei uma espécie de "Monedazo". Desde as primeiras horas da tarde, milhares de chilenos se aglomeravam nas principais ruas do centro da Capital do Chile, em frente as chamadas "pantallas gigantes", para acompanhar o jogo contra o Brasil. Em frente a sede do Governo, na praça do Palacio de La Moneda, cerca de 20 mil pessoas se reuniram.

No início, muita alegria e esperança de finalmente derrotar os pentacampeões ou "scratch" como eles chamam a seleção brasileira. No momento da execução do Hino Nacional, todos, em uníssono, cantaram alto e, em seguida, entoaram o famoso grito "Chi-le ! Chi, Chi, Chi, Le, Le, Le ! Viva Chile ! ". O início do jogo mostrou uma torcida animada e muito confiante com o que a sua seleção apresentava, mas com o passar do tempo e o domínio visível da equipe de Dunga, a alegria foi dando lugar a um misto de nervosismo e preocupação a cada lance.

Quando Suazo exigiu uma defesa de Júlio César, aos 12, uma grande vibração tomou conta de todos. Dez minutos depois, alguns murmúrios por um passe errado da defesa. Mas a grande comemoração se deu quando o árbitro mostrou cartão amarelo para Kaká, aos 29 minutos de jogo. No momento em que Juan abriu o placar para o Brasil, o silêncio tomou conta de Santiago.

Os chilenos ainda se recuperavam do golpe de cabeça de Juan, quando Luís Fabiano fez o segundo gol. O silêncio se fez ouvir nas principais ruas chilenas. Era possível ouvir o clic das máquinas fotográficas de alguns turistas, que alheios ao que sentiam os chilenos, tiravam fotos ao lado da estátua de Salvador Allende. Veio o intervalo e muitos voltaram para casa desiludidos com a iminente derrota.

O segundo tempo foi protocolar. Alguns poucos tentavam "alentar" , mesmo que à distância, a equipe comandada por Marcelo Bielsa. Mas veio terceiro gol brasileiro com Robinho e mais alguns milhares de chilenos volveram para suas casas. Quando o jogo terminou houve aplausos aos jogadores, em reconhecimento ao trabalho desempenhado na África do Sul. Foi o único momento em que o silêncio foi rompido.

Definitivamente, nesta tarde de 28 de junho, pude presenciar em frente ao Palácio que abriga o Governo chileno, o "Monedazo" do futebol chileno.