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 | 14/06/2010 23h25min

Família da primeira vítima da gripe A em Santa Catarina deve entrar com ação por erro médico

Direção do hospital disse que investigará os prontuários para avaliar possíveis irregularidades

Mayara Rinaldi e Fernando Arruda

A família de Flávio Torílio, 24 anos, que morreu no sábado vítima da gripe A em Balneário Camboriú, Litoral Norte, deve entrar com ação por erro médico contra o profissional do Hospital Santa Inês, que prestou atendimento ao jovem na quarta-feira. O médico teria examinado, receitado medicamentos e liberado o rapaz.

— Ele já tinha dor de cabeça, febre e escarrava sangue, mas o médico afirmou que era princípio de bronquite, receitou um xarope e uma injeção de bezetacil e mandou embora. À noite, eu tive que levar meu irmão para o hospital, porque ele suava muito e desmaiou algumas vezes — afirmou Fábio Torílio, irmão gêmeo da vítima. 

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou que a morte do jovem foi a primeira em decorrência de gripe A em Santa Catarina em 2010. O corpo foi enterrado domingo, no Cemitério de Camboriú. A família confirmou que o jovem não tinha se vacinado contra a gripe.

— Ele não tomou porque sempre teve muito medo de agulha. Deveria ter tomado, mas não tomou — lamenta o irmão.

Suspeita

Flávio teria viajado em maio para Londrina (PR), para visitar os pais, e estaria resfriado desde então. Apesar disso, a diretora da Vigilância Epidemiológica de Balneário Camboriú, Andrea Bittencourt, afirma que a doença foi contraída em Balneário Camboriú:

— Ele é morador de Balneário e a viagem foi há algum tempo. A doença, em princípio, não foi gerada por esse deslocamento.

Na segunda-feira, a direção do hospital informou que investigará os prontuários de atendimento médico de Flávio Torilio e avaliará possíveis irregularidades. De acordo com o diretor do Hospital Santa Inês, Eroni Foresti, na primeira vez que esteve no hospital, a vítima não apresentou sintomas da gripe A. 

Meta

A campanha de vacinação foi oficialmente encerrada no mesmo dia da confirmação da primeira morte. Se contabilizados os números gerais, a meta foi ultrapassada. De um total de 3.260.663 catarinenses nos grupos prioritários, 91,65% foram imunizados. Para o Ministério da Saúde, a meta é atingida quando se alcança 80%.

Quando considerados os dados de cada grupo, dois deles não chegaram ao valor esperado: os adultos de 30 a 39 anos, que somaram imunização de 77,5%; e as crianças de dois a quatro anos, que foram incluídas como prioritárias apenas em 24 de maio e somaram 54,14%.

— Daqui para frente, temos que frisar e cobrar da população que tome os cuidados básicos necessários para evitar o contágio. Além disso, quando uma pessoa sentir os sintomas da doença, deve procurar imediatamente um médico — diz o diretor da Dive.

Nas cidades onde houve sobras da vacina, a Dive orienta para que as doses continuem sendo aplicadas caso as pessoas incluídas nos grupos prioritários procurem os postos de saúde.

O Estado ainda não contabilizou quantas vacinas restaram e em quais cidades estão as sobras. A estimativa é de que o número não ultrapasse 3% do total adquirido em Santa Catarina — 3,3 milhões de doses.

Vacinação em BC

Em Balneário Camboriú, conforme a diretora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Andrea Bittencourt, a Secretaria da Saúde continuará vacinando a população contra a gripe A em todas as unidades de saúde. 

— O nosso problema está na população de 20 a 39 anos. Todos nessa faixa etária deveriam procurar a vacina e são os que menos procuram. As pessoas que ainda não fizeram, façam a vacina porque a prevenção é o mais importante — afirma Andrea.

Diferentemente do que foi divulgado nesta segunda-feira pela Dive, o número oficial de casos de gripe A investigados em Santa Catarina desde o início deste ano é 474. Dois foram confirmados como gripe comum, 466 foram descartados e dois foram confirmados como H1N1 — o de Balneário Camboriú e o de um homem de 34 anos em Papanduva, no Norte do Estado. Quatro casos ainda estão em análise.

Clínicas particulares

Nas clínicas particulares a vacinação contra a gripe A continua e a procura ainda é grande. Os preços variam entre R$ 125 e R$ 139. Na clínica Imunizar, de São José, de acordo com o proprietário Marlos Momm Pereira, no início da campanha nacional contra a doença a procura foi mais intensa. Até agora já foram vendidas 4 mil doses para particulares e 10 mil para convênios com empresas.

— Eram cerca de 150 pacientes por dia. Há duas semanas a busca caiu para menos da metade, mas com a notícia da primeira morte no Estado sentimos um acréscimo no número de ligações para pedir informações sobre a vacina — disse Pereira.

Na clínica Ciência, de Palhoça, as 500 doses compradas já foram aplicadas. Segundo o técnico de enfermagem Kauander da Rocha, responsável pela sala de vacinas, os pacientes ainda procuram por imunização. Um novo pedido foi feito, mas o laboratório fornecedor da vacina não tem previsão para a entrega.

Em Florianópolis, na clínica Arco-íris, 40 das 50 doses adquiridas já foram aplicadas. Nas clínicas Tio Cecim e Arnaldo Marcon, o proprietários não informaram a quantidade de vacinas já vendidas, mas afirmaram que ainda há estoques e a procura continua alta.

Divulgação / clicRBS

Campanha de vacinação contra gripe A foi encerrada oficialmente no sábado, mas algumas doses ainda podem ser encontradas em postos com sobras e clínicas particulares
Foto:  Divulgação  /  clicRBS


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