Como uma heroína, a campeã mundial dos 800m, Caster Semenya, foi recebida nesta terça por milhares de pessoas em Johanesburgo, no seu retorno de Berlim. A atleta conquistou a medalha de ouro no Mundial de Atletismo na capital alemã, onde teve sua feminilidade posta em dúvida.

Na chegada da equipe sul-africana de atletismo, milhares de pessoas esperavam no aeroporto Oliver Tambo com cornetas, cartazes com a fotografia de Semenya e o escrito "nossa dama do esporte". Aos gritos de "viva Semenya" e "viva a África do Sul", os torcedores romperam o isolamento policial na entrada do terminal internacional para se aproximarem da atleta.

Além dos fãs, também esperavam pela campeã mundial seus familiares e autoridades, entre elas a ministra da Mulher, Noluthando Mayende-Sibiya.

– Você tem a razão a seu favor e nós te seguiremos – disse a ministra à atleta, dando as boas-vindas em nome do governo e do presidente do país, Jacob Zuma, que deve recebê-la ainda nesta terça.

A ministra do Interior da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma, anunciou no domingo passado que a África do Sul receberia a Semenya como uma "heroína" quando retornasse ao país.

– Os sul-africanos se sentem indignados pelas dúvidas sobre a feminilidade de Semenya, após sagrar-se campeã do mundo nos 800 metros – disse Nkosazana.

A ministra se mostrou "orgulhosa" de Semenya e instou a "todos os sul-africanos, e especialmente às mulheres", a dar-lhe seu apoio e "desprezar as insinuações feitas" sobre sua feminilidade.

A Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) está analisando os exames de Semenya para a verificação do sexo em colaboração com a Federação Sul-Africana. O processo exige uma complexa avaliação na qual intervêm ginecologistas, endocrinologistas, psicólogos e especialistas em medicina interna.