| 02/05/2009 03h44min
O veto a Walter, promessa de atacante do Inter barrado do jogo contra o Náutico por estar acima do peso, expõe um fenômeno curioso no futebol. Porque há tantos jogadores, em atividade ou aposentados, às voltas com deformidades produzidas pela balança? A pergunta não é de fácil resposta, embora os nutricionistas, de presença recente nos grandes clubes, arrisquem algumas teses. Mas as histórias dos glutões da bola é que são curiosas.
CLAUDIOMIRO
No Beira-Rio mesmo, há um exemplo histórico. Claudiomiro, autor do gol inaugural do estádio, na partida contra o Benfica em 1969, usa até uma expressão gastronômica para definir como era difícil manter-se no peso naqueles tempos.
— É preciso força de vontade, porque não é bolinho — diz o centroavante.
Com tantos recursos destinados atualmente aos cuidados com o peso — pesquisas, nutricionistas, avaliações físicas — Claudiomiro diz que
os
jogadores só ficam gordo se quiser. Ele garante que fez de tudo o que, há
30 anos, julgava-se importante na luta contra as gordurinhas extras. Corria de abrigo para suar mais. Sentava na "mesa dos gordinhos", distinção que havia na época nas concentrações para os atletas que teriam sua dieta controlada. Nestas mesas, as saladas eram abundantes e os refrigerantes, proibidos.
No entanto, os problemas alimentares — estimulados pelo conhecido apreço de Claudiomiro por bebidas alcoólicas — reduziram a promissora carreira do ídolo colorado a menos de 10 anos.
NETO
Um dos mais exímios cobradores de falta da história do futebol brasileiro era conhecido também por seu temperamento explosivo. Fora dele, Neto criava polêmica por sua fama de baladeiro, o que, além de problemas disciplinares, lhe trouxe dificuldades com a balança. Ele mesmo diz que "era boleiro, não atleta".
O problema do peso motivou a saída de Leão do Palmeiras. O técnico Leão não aceitava a forma física dele e o
colocou para treinar em separado. Acabou envolvido em um
troca-troca com o Corinthians, time pelo qual fez história. Levou o clube ao seu primeiro título brasileiro, em 1990, e ganhou o apelido de "Xodó da Fiel". No entanto, sempre continuou brigando com a balança. Em entrevista a uma revista nacional em 2005, admitiu que chegou a jogar até sete quilos acima do peso.
Depois que pendurou as chuteiras e foi trabalhar como dirigente do Guarani, Neto engordou muito. Depois, iniciou uma reeducação alimentar ortomolecular que o fez perder 30 quilos em um ano e três meses. Hoje, é comentarista esportivo e magro. Mas conta que as pessoas pegam no seu pé até hoje por causa de peso e diz que o rótulo de gordo foi a coisa que mais o incomodou em toda a vida.
RONALDO
Herói da Copa do Mundo de 2002, Ronaldo foi acusado de se apresentar muito acima do peso na Copa de 2006, em que a Seleção teve um desempenho pífio. Apresentado pelo Corinthians no final de 2008, após meses em recuperação de
uma lesão, passava a impressão de um
ex-jogador. A barriga proeminente não tirava a fé da torcida na sua recuperação, mas deixou céticos os comentaristas de todo o país.
Apesar de ainda aparentar estar acima do peso, Ronaldo deu nova volta por cima em sua carreira. Ainda não é exatamente um jogador participativo, mas totalmente decisivo. Já marcou oito gols pelo Corinthians, incluindo um golaço na final do Paulistão, contra o Santos, na Vila Belmiro.
— A cada gol que eu faço eu emagreço um quilo, fico mais bonito... Tomara que continue assim, até eu sumir de tanto emagrecer — ironizou o jogador, em entrevista coletiva nesta semana.
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