| 26/02/2008 11h41min
Ivo Costa era um freqüentador assíduo do Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma. O aposentado de 62 anos acompanha o time da cidade desde criança, quando o clube ainda se chamava Comerciário. Sua paixão pelo futebol sofreu um forte golpe na tarde de domingo. Ainda na arquibancada, logo após assistir à vitória do Criciúma sobre o Avaí, uma bomba caseira, jogada do setor onde estava a torcida visitante em sua direção, provocou a amputação da mão direita.
A perda de seu Ivo — ou Periquito, como é conhecido no bairro Brasília, onde reside — é acentuada por uma já existente paralisia parcial das pernas. Era justamente a mão direita que ele usava para se apoiar na bengala e subir as arquibancadas do estádio, onde costumava ir sozinho.
Ontem, deitado na cama de um quarto semiprivativo do Hospital São José, o catarinense recordava "da paz e do amor nos estádios de antigamente".
— O torcedor não deve ir armado aos estádios. Não deve agredir aos outros. Agora,
só vou freqüentar a igreja, para
agradecer por ter saído vivo, e onde tenho certeza que é seguro — resume, decepcionado.
Apesar dos ferimentos e da irreparável seqüela, Costa afirma perdoar o agressor:
— Não conheço o torcedor que fez isso, mas a raiva não leva a nada. Quero que Deus tenha piedade dele, não o quero mal. As autoridades vão puni-lo — diz.
No final da tarde, Costa recebeu a visita dos jogadores Claudio Luiz e Silvio Criciúma e do diretor-presidente do clube, Edson Búrigo. Eles levaram camisetas, uma carteira de sócio de cadeira e garantiram a transferência do aposentado para um quarto privativo do hospital.
— Fui para ver uma partida de futebol e quase busquei a morte. Lamento, mas não vou mais ao campo, tenho medo de voltar — sentencia o aposentado, que também sofreu queimaduras nas costas e deve permanecer internado ao menos até o final de semana.
Torcedor do Tigre Ivo Costa, de 62 anos, foi atingido por uma bomba e teve a mão amputada
Foto:
Rovani Ilha, Especial
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