| 08/01/2008 16h59min
Centenas de pessoas têm se acotovelado diariamente no Ambulatório Jardim Brasília, principal posto de vacinação contra a febre amarela em Águas Lindas (GO), município localizado a cerca de 50 quilômetros de Brasília (DF). Assustados com a divulgação de casos suspeitos no Distrito Federal e em Goiás, moradores da região buscam se proteger da doença, mas reclamam de desorganização e demora no atendimento.
— Tem que se preocupar com essas mortes que aconteceram. Acho melhor todos se preocuparem pelo bem-estar de todo mundo. Acho que está muito desorganizado. Poderia haver uma fila e as mães com crianças pequenas e os deficientes deveriam ter um crédito — afirmou a estudante Taís Cristina, após criticar a qualidade do atendimento prestado.
Aposentado precocemente e com seqüelas após sofrer um acidente de trânsito, Abraão Oliveira da Costa, que tem direito a atendimento prioritário assegurado por lei, afirma não conseguir se vacinar há dois dias.
— Vim
ontem (segunda-feira) e me disseram
que acabaram as senhas. Hoje, voltei (pela manhã) e disseram que só depois das 13 horas — assegurou o rapaz, que precisa caminhar mais de uma hora para completar o trajeto de casa até o posto de vacinação.
As reclamações não são restritas aos pacientes. Marina Melo, secretária da coordenação do ambulatório, disse que a demanda por atendimento tem sido superior a 300 vacinas diárias e lamentou a falta de compreensão da população local. — A procura (por vacinação) é muito grande. Nós não esperávamos uma quantidade dessas. Não fomos pegos de surpresa porque tínhamos doses suficientes. As pessoas estão apavoradas por causa das mortes que aconteceram e estão vindo de uma vez. A gente tenta organizar, mas o pessoal não quer compreender.
A funcionária reconheceu as falhas no atendimento. Segundo ela, faltam atendentes para garantir um serviço adequado à população.
— Precisaríamos de uma melhor organização, mas só temos duas pessoas trabalhando na
vacinação. A demanda é muito grande para
essas pessoas. Estamos disponibilizando gente de outros setores para poder organizar, mas mesmo assim está difícil — afirmou Marina.
Secretário promete reforço na vacinação
Após constatar pessoalmente a demanda por atendimento e a insatisfação das pessoas que tentam se vacinar contra a febre amarela em Águas Lindas, o secretário municipal de Saúde, Neury Veloso, prometeu aumentar o número de atendentes na rede pública local.
— Nós vamos aumentar a equipe de vacinadores e de triadores para que as filas sejam diminuídas e o atendimento à população seja feito com mais velocidade — garantiu.
Veloso, no entanto, não determinou data para o reforço de pessoal. O secretário informou que, após a divulgação das primeiras suspeitas de febre amarela em humanos, mais de 5 mil habitantes do município foram imunizados. O número não inclui as pessoas que atravessam a divisa para se vacinarem em hospitais do DF.
Apesar do aumento da demanda pela vacina, Veloso prega
tranqüilidade e afirma que o município não é área de risco da doença.
— O foco dessa vacinação não é Águas Lindas, mas, como em algumas outras cidades do Estado já houve óbitos suspeitos, é natural que nos preparemos para que o mesmo não venha ocorrer aqui. Esse é um trabalho preventivo. Essa vacina é de rotina e sempre esteve disponível nos postos de saúde.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 16 pontos de vacinação estão disponíveis em diversas áreas da cidade. Com 131 mil habitantes, de acordo com dados de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Águas Lindas fica a cerca de 50 quilômetros de Brasília.
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