| 12/06/2006 20h29min
Depois de quatro dias de estréias, enfim chegou a vez do Brasil debutar na Copa do Mundo da Alemanha. Sob a atenção de todo o planeta bola, a Seleção Brasileira enfrenta a Croácia às 16h desta terça (horário de Brasília), no Estádio Olímpico, em Berlim, com a missão de justificar o amplo favoritismo ao título.
– Chegou a hora da verdade. Todos desse elenco sabem que temos condições de sermos os campeões, que estamos focados nisso. Mas só isso não adianta. Temos que mostrar em todos os jogos do que somos capazes e começar bem é fundamental – afirmou o técnico Carlos Alberto Parreira.
De todas as estréias do Mundial, a do Brasil será a recordista tanto de público quanto de crítica. Mais de 60 mil torcedores são esperados no Estádio Olímpico. Os números da cobertura jornalística também são grandiosos. De acordo com a Fifa, mais de 800 jornalistas estão na lista de espera para cobrir a partida.
Um aperitivo do que ocorrerá durante o jogo pôde ser visto nesta segunda. A entrevista de Parreira e dos jogadores levou ao estádio centenas de jornalistas. Na frente do hotel em que a Seleção está hospedada, é fácil observar outras centenas de pessoas em busca de autógrafos ou fotos dos craques.
Um repórter inglês chegou a comparar a paixão do público pela Seleção Brasileira com o que ocorreu com os Beatles, banda inglesa formada em Liverpool, nos anos 1960. Talvez tenha exagerado um pouco, mas o assédio sobre os jogadores brasileiros é impressionante, principalmente sobre Ronaldinho, eleito o melhor do mundo nos últimos dois anos.
Tudo isso por causa da badalação da equipe sul-americana, considerada a número 1 da atualidade. Os resultados levaram o Brasil a essa condição. Ganhou, afinal, o último Mundial, a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005. E conta com vários dos atletas mais conceituados do futebol.
Os elogios, o favoritismo e o prestígio, por outro lado, aumentam a responsabilidade do grupo. Aspecto, aliás, bastante discutido internamente entre Parreira e os jogadores. O técnico sabe que uma parte importante de seu trabalho será aliviar a pressão sobre os atletas e, principalmente, afastar o “salto alto”.
– O povo não espera nada que não seja a vitória. As pessoas já consideram o título ganho pelo Brasil e isso aumenta nossa pressão – afirmou Parreira.
O técnico brasileiro reiterou que não espera uma exibição de gala diante dos croatas. E tem razão para cautela. Apesar da badalação, o Brasil não disputa um jogo oficial desde outubro do ano passado. Em 2006, a equipe fez apenas três amistosos contra adversários inexpressivos como Rússia, um combinado de Lucerna e a Nova Zelândia.
– Com certeza, nosso primeiro objetivo é a vitória. Não adiante você jogar bonito e perder a partida – concordou o volante Zé Roberto.
O desempenho do “quadrado mágico” também é cercado de expectativa. O mundo espera show de Ronaldinho, Kaká, Ronaldo e Adriano. Apesar da grande fase dos dois primeiros, Ronaldo não joga a mais de 45 dias, enquanto Adriano teve uma temporada ruim, assim como o goleiro Dida e o lateral Roberto Carlos.
Os 11 titulares estão definidos desde 15 de maio e a Seleção nunca esteve tão tranqüila para a estréia em uma Copa. O único fator que provocou alguma instabilidade foi a notícia de que a Promotoria de Roma pediu a prisão do lateral Cafu por utilização de documentos falsos. Os brasileiros ficaram irritados e disseram se tratar de manobra para prejudicar a equipe.
– A gente está muito tranqüilo. Claro que todo mundo está ansioso para jogar, mas não tem ninguém desesperado. Sabemos que o nosso momento vai chegar – afirmou Kaká.
No lado da Croácia, também não há segredos. O capitão Niko Kovac e o zagueiro Josip Simunic, que ficaram fora de alguns treinamentos, estão recuperados e confirmados, assim como Igor Tudor e Darijo Srna. A única ausência é do atacante Ivica Olic, sem condições físicas. O técnico Zlatko Kranjcar, que chegou a dizer que poderia
ganhar do Brasil, mudou de
discurso.
– Vamos nos contentar em não sofrer uma goleada. Mas acredito sim na classificação para a segunda fase, pois ainda teremos as partidas contra Austrália e Japão – afirmou.
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