A polícia haitiana conseguiu recuperar o controle de duas cidades que haviam sido tomadas por rebeldes oposicionistas armados, segundo informou uma rádio local nesta terça, dia 10. A recuperação de mais uma cidade parece frear um pouco a escalada da revolta no país. Além da grande cidade portuária de Saint Marc, ao norte da capital Porto Príncipe, a polícia retomou o controle de Grand Goave, a sudoeste da capital, disse a emissora. A desocupação de Grand Goave não foi oficialmente confirmada.

Também havia informações não confirmadas de que a cidade de Dondon, ocupada na segunda, dia 9, por atiradores oposicionistas, também tinha voltado ao controle do governo do presidente Jean-Bertrand Aristide. A rádio local, que é a maior fonte de informações do Haiti, país em que a maioria dos 8 milhões de habitantes é analfabeta, muitas vezes não é confiável. Outra meia dúzia de cidades, incluindo a quarta maior do país, Gonaives, continuavam aparentemente nas mãos dos rebeldes. Mas as vitórias da polícia, depois de cinco dias sendo continuamente derrotada, podem devolver o moral aos soldados.

O Haiti, que é o país mais pobre do continente americano, não possui um exército, e tem apenas cerca de cinco mil policiais. As Forças Armadas foram desmanteladas sob supervisão internacional depois da volta de Aristide ao poder, em 1994, após uma invasão liderada pelos Estados Unidos.

Aristide, um ex-padre católico, havia sido deposto num golpe militar sangrento pouco depois de tomar posse como o primeiro líder democraticamente eleito do país, em 1991.

Ele foi reeleito em 2000, mas sua popularidade vem diminuindo desde que as eleições parlamentares do mesmo ano foram consideradas uma fraude. O presidente enfrenta uma onda crescente de protestos. A oposição o acusa de corrupção e violência política.

Na semana passada, um grupo armado que já esteve do lado do presidente atacou uma delegacia de polícia em Gonaives – local onde a independência do Haiti foi declarada, há 200 anos – e assumiu o controle da cidade, que tem 200 mil habitantes.

As informações são da agência Reuters.