| 21/01/2004 11h20min
Os democratas criticaram duramente o discurso sobre o Estado da União do presidente norte-americano, George W. Bush, afirmando que está cheio de promessas vazias para os norte-americanos comuns. Eles também acusaram Bush de ter adotado políticas exteriores que afastaram aliados e deixaram os Estados Unidos (EUA) com a maior parte dos gastos e vítimas na guerra do Iraque.
– O Estado da União pode parecer rosado visto desde a varanda da Casa Branca, ou das suítes dos doadores mais ricos de Bush. Mas os americanos que trabalham duro serão capazes de ver mais além da fachada de compaixão que o presidente se esforça em construir para encobrir sua agenda radical – disse o ex-governador de Vermont, Howard Dean, que espera se recuperar do terceiro lugar que obteve nas prévias do Partido Democrata, em Iowa.
No discurso, Bush defendeu a guerra no Iraque, ressaltou a atual ameaça do terrorismo global, prometeu promover o crescimento econômico e a criação de empregos, pediu cortes permanentes de impostos e anunciou iniciativas domésticas modestas para melhorar a saúde e a educação. Os democratas disseram, no entanto, que ele ignorou as necessidades dos norte-americanos comuns e preferiu impulsar políticas que beneficiam os ricos.
– Eu acho que há dois mundos diferentes aqui, o mundo sobre o qual o presidente fala e o mundo em que os americanos vivem. Enquanto os salários de executivos e os lucros de Wall Street sobem, o americano médio ganhou somente três centavos a mais sobre cada dólar. Os trabalhadores estão sofrendo em toda a América – disse o senador John Kerry, de Massachusetts, que venceu os comícios de Iowa, à rede de televisão NBC.
O senador democrata John Edwards, de Carolina do Norte, que ficou em segundo em Iowa, fez críticas similares em seu discurso chamado o "Estado das Duas Américas".
– Quando o presidente diz "o estado de nossa união é forte", você precisa perguntar "qual união, senhor presidente?". Porque o estado da união de George Bush (a América dos lobistas de Washington, interesses especiais e seus amigos executivos) está indo bem. Eles conseguem o que querem – disse Edwards.
O general aposentado Wesley Clark, que não se apresentou em Iowa para reunir forças para a nova rodada de primárias em New Hampshire, também fez críticas:
– O triste fato é que hoje, dois anos depois que ele inventou o termo, temos um novo eixo do mal... das políticas fiscais que ameaçam o futuro, políticas exteriores que ameaçam nossa segurança e políticas internas que colocam as famílias em necessidades.
Clark disse que Bush gastará bilhões com a guerra no Iraque, com mísseis de defesa e para mandar um homem a Marte.
– Mas com treinamento profissional, no total, gastará US$ 120 milhões. Isso é apenas US$ 15 por desempregado na América. Isso não é mais que o custo do ônibus até o centro de treinamento, almoço e café – acrescentou.
O senador Joseph Lieberman, de Connecticut, o mais conservador entre os pré-candidatos democratas, disse que Bush "parece estar em um estado de negação sobre o estado da nossa economia, nosso sistema de saúde e nossas relações com o mundo". O líder democrata no Senado, Tom Daschle, disse que os EUA não podem "continuar recompensando a acumulação de riqueza em vez de (recompensar) a dignidade do trabalho".
Com informações a agência Reuters.
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