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A Justiça britânica vai publicar em 28 de janeiro o seu relatório a respeito do suicídio do cientista David Kelly, o que pode definir o futuro do primeiro-ministro Tony Blair e de seu governo. Kelly cortou os pulsos em julho, depois de ser identificado como fonte de uma reportagem da BBC que acusava o governo de ter exagerado os dados que justificaram a guerra no Iraque.
O governo ajudou a revelar a identidade de Kelly e deve ser criticado no relatório do lorde Hutton, juiz do principal tribunal britânico. O veredicto dele pode mudar o destino de vários ministros – especialmente o da Defesa, Geoff Hoon –, dos diretores da BBC e talvez do próprio Blair, que já prometeu renunciar se o relatório afirmar que ele mentiu.
Além disso, o documento será divulgado um dia depois de uma votação decisiva para Blair no Parlamento, a respeito da proposta para que universitários paguem mais por sua educação. Uma ala do Partido Trabalhista está determinada a se rebelar nessa votação, o que representa mais uma grave ameaça para a autoridade do primeiro-ministro.
Uma derrota dele nessa votação e uma eventual crítica pessoal no relatório Hutton deve provocar uma ofensiva da oposição conservadora, agora sob a liderança mais combativa de Michael Howard. No dia em que o relatório for divulgado, Hutton apresentará um resumo de suas conclusões e Blair pretende fazer uma declaração ao Parlamento.
Hutton dará às partes interessadas – e a ninguém mais – 24 horas para ler o relatório antes que ele seja divulgado. O juiz se aposenta depois disso e, portanto, não tem nada a perder ou a temer com seu veredicto.
As informações são da agência Reuters.
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