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O Congresso boliviano aceitou na noite desta sexta, dia 17, conforme previsto no artigo 68 da Constituição do país, o pedido de renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, lido minutos antes. Lozada não está mais em La Paz e deve viajar nas próximas horas para país ainda a ser definido. Entre as possibilidades estão os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina.
Ele será sucedido pelo vice-presidente, Carlos Mesa.
Na carta enviada aos deputados, Lozada acusou os oposicionistas de utilizarem o projeto de exportação de gás pelo Chile como "pretexto" de gente "que não crê na democracia'' para aplicar um golpe em um presidente constitucionalmente eleito.
– Violaram a essência da democracia – afirmou.
Lozada afirmou que o responsabilizaram pelos problemas atuais da Bolívia e o cobraram por todas as soluções.
– Não é tão simples– afirmou.
Nesta sexta, dezenas de milhares de mineiros, agricultores e índios se dirigiram para o centro colonial de La Paz para protestar contra o governo. Muitos bolivianos já comemoravam, com antecedência, a renúncia do presidente, dançando e batendo palmas nas ruas. Outros cantavam o hino nacional.
– Finalmente, o criminoso foi derrubado – disse Roberto de la Cruz, um líder sindical.
A saída de Sánchez de Lozada acontece depois de um mês de manifestações populares contra as políticas neoliberais do governo dele. Os protestos populares, detonados por um projeto de exportação de gás natural por meio de um porto do Chile, ganharam força e passaram a exigir a sua renúncia. Durante os confrontos entre a população e a polícia, pelo menos 74 pessoas foram mortas.
Um fator decisivo para a renúncia de Sánchez de Lozada foi a perda de um apoio importante, quando o partido Nova Força Republicana (NFR), de direita, deixou o governo e pediu a saída do presidente. Sem o NFR, o governo não contava mais com a maioria de dois terços na Câmara dos Deputados e no
Senado. O partido é o terceiro em importância
dos quatro reunidos na coalizão de governo.
O embaixador do Brasil na Bolívia, Antonino Mena Gonçalves, disse à Agência Brasil que a expectativa agora é que os manifestantes se acalmem e que a decisão de Gonzalo Sánchez colabore para o encaminhamento rumo a uma solução pacífica.
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