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 | 07/09/2010 06h10min

Em Tóquio, meio time era feito em casa. E hoje?

 




Vamos por partes, como faria o açougueiro diante das carnes antes de esmerar-se nos cortes selecionados. O fato de ser forjado nas categorias de base do clube não significa visto de entrada no time. O importante é ser bom. Melhor um contratado bom do que um prata-da-casa ruim. Dito isso, vamos aos fatos.

Em 1983, quando o árbitro francês Michel Vautrot apitou o fim da prorrogação em Tóquio, o Grêmio campeão do mundo tinha seis guris com conta pendurada no bar da Tia Bete. Vou repetir: SEIS jovens que aprenderam a jogar nos campos perto do Jockey Club e de Eldorado do Sul.

O Grêmio terminou a prorrogação diante do Hamburgo com Paulo Roberto, Paulo César Magalhães, Baidek, China, Bonamigo e Renato.

Bons valores construídos no Olímpico em todos os setores do time: dois laterais, um zagueiro, dois volantes e um gênio, Renato. Alguém lembrará: Bonamigo era reserva. Verdade. Estava recém surgindo. Mas entrou aos 25 minutos do segundo tempo, no lugar de Oswaldo. Não foi aquelas substituições de fim de jogo, apenas para ganhar tempo. Ficou em campo quase uma hora. Participou de toda a prorrogação vencida com outro gol de Renato, fechando o 2 a 1.

De volta ao presente, vejamos o time que a muito custo empatou com o Botafogo em 2 a 2. Sabe quantos jogadores formados em casa perfilaram para o hino nacional no Engenhão? UM. Só Adílson.

Os outros todos — Victor, Gabriel, Rafael Marques, Lúcio, Gílson, Souza, Rochemback, Jonas, Borges — conheceram as categorias de base do clube de ouvir falar.

Ironicamente, a recuperação só veio quando Renato apostou em Roberson, meia-atacante nascido em Campo Grande e descoberto pelo Grêmio em Camboriú (SC) aos 16 anos. Ele entrou no lugar de Gílson e, a partir daí, o que era 2 a 0 contra virou 2 a 2.

Moral da história: ou o Grêmio perdeu o fio de sua própria história ou não tem mais capacidade de revelar talentos.

Fico com a primeira opção, obviamente. Jogador de bom nível feito em casa, quase todos com passagens destacadas por seleções da CBF, têm sobrando no Olímpico: Neuton, Saimon, Mário Fernandes, Fernando, Maílson, Roberson, sem falar em Adilson e Magrão.

O habilidoso Mithyuê está emprestado ao Atlético-PR. Fez gol dia desses. Douglas Costa foi negociado a preço de bananas e agora é rei na Ucrânia e neste momento treina com a Seleção Brasileira, mas aqui nunca foi titular de verdade. 

O que falta ao Grêmio é política de futebol para apostar nos jogadores das categorias de base. Ou óculos para enxergar melhor o seu passado. 

 


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Divulgação, site oficial do Grêmio / clicRBS

Em 1983, o Grêmio foi campeão do mundo com meio time feito em casa. E hoje, quantos são?
Foto:  Divulgação, site oficial do Grêmio  /  clicRBS


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