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 | 30/06/2010 06h18min

Perito em Holanda, Zagallo relembra os confrontos nas Copas de 1974, 1994 e 1998

Ex-treinador aponta os perigos da equipe holandesa atual

Carlos Guilherme Ferreira

Passava da metade da tarde de ontem quando Mário Jorge Lobo Zagallo foi chamado ao telefone de sua residência no Rio de Janeiro, onde este alagoano sempre viveu desde que se descobriu no futebol e lá se vai uma carreira iniciada ainda em 1948, no América. Atento, ouviu o motivo da ligação e logo concordou em falar com a satisfação que lhe é característica quando o assunto é a Seleção Brasileira, tema predileto do tetracampeão mundial 1958 e 1962 como jogador, 1970 como treinador e 1994 como coordenador técnico , que também comandou a equipe nas Copas de 1974 e 1998.

Elogios não faltam à Holanda, adversária do Brasil nas quartas de final na África do Sul. Mais ainda àquela Holanda de 1974, que adiou o sonho do Tetra. Era o time de Cruyff, Neeskens, Suurbier e Rep, treinado pelo mago Rinus Michels.

— Foi a melhor seleção da Holanda. Era a Laranja Mecânica, com uma movimentação dentro de campo que eu nunca havia visto. Uma geração de craques inteligentes — afirmou Zagallo, enquanto as TVs ainda mostravam os preparativos para o clássico entre Portugal e Espanha, no fechamento das oitavas desta Copa.

Aos 78 anos, Zagallo continua falando sem perder o fôlego e sem abrir espaço para apartes. Lembra que a Holanda de 36 anos atrás abafava quem tinha a bola e corria feito louca. Que Rinus Michels deixou o Carrossel Holandês para reassumi-lo mais tarde, jamais sem reeditar aquele esquema com igual eficiência. Mas esquece da própria frase pré-confronto de 1974, famosa, sobre quem deveria se preocupar com quem. Melhor mesmo não recordar, pois “nós perdemos”, ele lamenta, sem citar o 2 a 0 marcado por Neeskens e Cruyff:

— Até tivemos condições no primeiro tempo, com chances do Jairzinho e do Caju. Enfrentamos a Holanda de igual para igual no primeiro tempo, mas sucumbimos no segundo.

As escalações de Espanha e Portugal já surgem na TV, como uma regressiva para o final da conversa, mas Zagallo vai em frente. Prevê: quem ganha entre Brasil e Holanda acaba na decisão da Copa.

E ele pula para 1994 (foto), em Dallas, aquele 3 a 2 do Brasil pelas quartas de final. O golaço de falta de Branco pavimentou o caminho para Zagallo, então coordenador técnico, se autointitular “o único tetracampeão do mundo”. Narrado ao telefone, o gol de Branco vem acompanhado de um “graças a Deus”, e agora já falamos de 1998.


crédito: José Doval

Uma partida mais truncada, 1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação, decidida nos pênaltis. De agasalho azul e branco da CBF, Zagallo encarou o goleiro gaúcho já depois de escolher os batedores para a noite semifinalista de Marselha. Foi direto como um soco:

— Nós vamos ganhar. Você já pegou pênalti nos Estados Unidos.


crédito: Fernando Gomes

Funcionou. Taffarel defendeu duas cobranças e levou o time à final.

É onde Zagallo espera ver este Brasil de Dunga. Lamenta a suspensão de Ramires, arrepia-se com as possíveis ausências de Elano e de Felipe Melo e parte para um tom de advertência ao elogiar os predicados da Holanda. Toque de bola, contra-ataque, defesa que sabe se fechar bem, os jogadores...

— O Robben, número 11, corta para o meio e bate de perna esquerda, e tem o Kuyt, do outro lado, que também joga bem. Ainda entrou um escurinho, o Elia, que dribla. E tem o Sneijder, que o nome é muito complicado para falar, mas joga fácil. Temos que sair em velocidade para encontrar os espaços — resume.

Espanhóis e portugueses já ocupam o centro do gramado do Green Point, na Cidade do Cabo. Preparam-se para a saída, e Zagallo confirma prontamente que assiste, sim, a todas as partidas da Copa. Hora de encerrar a conversa, portanto, não sem antes admitir uma secação de leve sobre a Argentina de Maradona. A justificativa do Velho Lobo fala por si:

— Não vou ter de engoli-lo.

Além dos três jogos em Copa, Brasil e Holanda já fizeram seis amistosos.

As duas seleções não se enfrentam há mais de 10 anos:


2/5/1963 — Holanda 1x0 Brasil (amistoso)
3/7/1974 — Holanda 2x0 Brasil (Copa do Mundo, quadrangular semifinal)
20/12/1989 — Brasil 1x0 Holanda (amistoso)
9/7/1994 — Brasil 3x2 Holanda (Copa do Mundo, quartas de final)
31/8/1996 — Brasil 2x2 Holanda (amistoso)
7/7/1998 — Brasil 1x1 Holanda - nos pênaltis, 4 a 2 (Copa do Mundo, semifinal)
5/6/1999 — Brasil 2x2 Holanda (amistoso)
8/6/1999 — Brasil 3x1 Holanda (amistoso)
9/10/1999 — Brasil 2x2 Holanda (amistoso)

Resumo

3 vitórias do Brasil
4 empates
2 vitórias da Holanda
14 gols do Brasil
13 gols da Holanda

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