É um fato
impressionante. Alguém precisa dizer isso com todas as letras. Trata-se de uma declaração de amor de Nilmar pelo Inter. E do Inter pelo seu torcedor.
A atitude, especialmente a de Nilmar — às vezes o clube não quer vender, mas o jogador pressiona —, pode ser o elemento detonador da recuperação do Inter. Exagero? É só pensar o contrário.
Imagine o Inter sem Nilmar já a partir de hoje, contra o São Paulo. Não seria terrível, ainda mais nesta fase de instabilidade emocional? E não seria ainda mais desanimador projetar as próximas rodadas sem os seus gols, quando a retomada das vitórias é urgente?
Não acredito em conto de fadas. É tão evidente como o humor dos saudavelmente doidos do Pretinho Básico que, se logo ali adiante aparecer uma oferta melhor do que a dos alemães, Nilmar pode mudar de ideia. E o Inter também. Sei disso. Mas, convenhamos: tem jogador por aí
que se manda por menos da metade disso.
Ao recusar o Wolfsburg, o recado
implícito de Nilmar é mais ou menos assim: "Minha vida no Inter é tão boa e feliz que não saio daqui nem com o time em baixa. Prefiro o Inter em baixa do que o campeão alemão em alta. Prefiro o Campeonato Brasileiro com o Inter do que a Liga dos Campeões com o Wolfsburg". Trata-se de uma injeção de auto estima no grupo.
Posso estar errado, mas uma declaração de amor assim, de um extra-classe como Nilmar, se bem trabalhada no vestiário, pode ser o que faltava ao Inter para reverter a tendência de queda.
Não é todo dia que um clube dorme sem um craque e acordar com ele de volta.
Valdir Friolin