| 03/11/2008 17h42min
O novo banco resultante da união entre Itaú e Unibanco vai manter as agências que estão em funcionamento hoje e não fará corte no quadro de funcionários, afirmou o presidente do Itaú, Roberto Setubal.
— A intenção é manter todas as agências e não haverá programas de demissões — disse nesta segunda-feira em entrevista à imprensa, em São Paulo.
De acordo com Pedro Moreira Salles, presidente do Unibanco, a fusão foi feita para que a nova instituição possa crescer de forma robusta e ser maior no futuro. Por isso, ele afirma que não há motivo para se pensar na redução do número de funcionários. O executivo admite que há algumas sobreposições de funções, mas afirma que em três a quatro anos a intenção é ter mais funcionários que o quadro atual.
Sobre o número de agências, afirmou que todas são sustentáveis e, por isso, não há motivo para o fechamento de nenhuma delas. Segundo os executivos, a única alteração inicial deverá ser a integração da rede de
caixas eletrônicos, permitindo aos
clientes utilizarem os sistemas de ambos os bancos.
Salles afirmou que as marcas comerciais da nova holding que surgem da união com o Itaú serão definidas de acordo com o entendimento do mercado.
— Decidimos que a parte ligada ao afeto dos controladores estaria no nome da empresa de participação: a Itaú Unibanco Participações. Já as marcas comerciais serão decididas mais na frente — afirmou.
Banco internacional
O presidente do Itaú disse que o Brasil precisa ter um grande banco internacional e que o Itaú Unibanco poderá ser essa instituição. Ele afirmou que o banco resultante da união nasce com uma base muito forte e certamente tem capacidade de financiamento para as empresas e o consumo no mercado brasileiro.
— Gostamos muito de fazer isso e sabemos fazer — disse, referindo-se à concessão de crédito.
O momento do Brasil, segundo ele, é único.
— Não faríamos uma transação dessa dimensão se estivéssemos com medo da conjuntura — disse.
Durante os meses de negociação, Setubal diz que foram realizadas uma série de conversas a dois.
— Essas conversas foram alinhando nossos sonhos, objetivos e valores — afirmou.
Houve um processo, segundo ele, que resultou em adquirir confiança um no outro. O presidente do Unibanco explicou que quando teve início a negociação com o Itaú, em agosto do ano passado, o primeiro objetivo definido foi que a nova instituição possa ser considerada um competidor global no mercado financeiro. A avaliação era que a medida seria necessária para enfrentar o novo padrão de concorrência estabelecido pelo banco espanhol Santander ao anunciar seu interesse pelo Banco Real.
— Foi um novo modelo de concorrência que se estabeleceu, com um banco de escala global e também com uma grande dimensão local — disse, lembrando que os bancos estrangeiros no Brasil sempre tiveram uma dimensão no mercado brasileiro menor em relação aos bancos de capital
nacional. De acordo com o executivo as discussões
levaram em conta o fato de as empresas brasileiras do setor industrial já terem uma atuação no mercado internacional.
— Se as indústrias já tinham dado esse salto, não havia motivo para não fazer o mesmo no sistema financeiro — afirmou.
A expectativa de Salles é que em cinco anos, o banco resultante da união entre Itaú e Unibanco torna-se global. A primeira conversa entre os dois bancos aconteceu há cerca de 10 anos, mas segundo Salles não foi conclusiva. As duas instituições só voltaram a conversar, então, em agosto do ano passado.
Ações
As ações do Itaú e do Unibanco serão negociadas na Bolsa até que o Banco Central aprove a operação de fusão entre os dois bancos. A partir desse momento, serão negociados apenas os papéis de Itaú Unibanco Holding, explicou Setubal. O executivo acrescentou que a fusão vai ampliar a liquidez dos ADRs (recibos de ações) negociados na Bolsa de Nova York e que a nova
condição vai se refletir no preço.
— Teremos uma moeda
mais líquida e isso valoriza os preços dos nossos papéis — afirmou.
Roberto Setubal (à esquerda) e Moreira Salles (à direita) disseram que haverá integração dos caixas eletrônicos
Foto:
Nilton Fukuda, AE
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