| 27/10/2008 03h37min
No início da semana marcada pela expectativa sobre o juro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou ontem com mais ajuda a segmentos afetados pela crise. Ao votar em São Bernardo do Campo, Lula disse que se reunirá hoje com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, para avaliar nova injeção de crédito.
— Vamos discutir, por setor econômico, aqueles que estão necessitando de crédito, porque temos recursos para isso — garantiu Lula.
Construção civil e pequenas indústrias estão no foco das atenções, adiantou. O presidente também respondeu críticas de que teria intenção de manter o setor financeiro sob controle estatal:
— Ninguém pretende estatizar banco. Em vez de dar dinheiro para banco, sem garantia, você compra ações, e, quando se recuperar, você revende.
Importante é manter economia funcionando, diz
Meirelles
Ao votar, em Goiânia, Meirelles usou uma explicação para as medidas do
governo que permitiu suposições sobre um novo alvo do BC:
— O importante é manter a economia brasileira funcionando sem sofrer efeitos exagerados do Exterior.
Embora tenha se referido a ações específicas, Meirelles pode ter dado um sinal sobre a tendência da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que começa amanhã e define quarta-feira a taxa Selic, que serve de base para os juros nos bancos e no comércio. Ele também justificou a ousadia das iniciativas:
— Mandamos a mensagem à sociedade de que estamos tomando medidas necessárias. Muitas vezes, não são facilmente entendíveis no momento, mas com o passar do tempo podem ou não se revelar necessárias.
Embora a maioria dos analistas defenda manutenção do juro, alguns não descartam nova elevação alta para conter o efeito inflacionário da alta do dólar. Outras declarações de autoridades a caminho da urna mostram que uma discussão essencial no Copom será qual o
temor mais relevante: o do potencial desacelerador
da crise ou o do impacto do câmbio sobre os preços. Em Porto Alegre, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reforçou a mudança de posião:
— Hoje temos condições de dizer que é de fato uma crise de proporções gigantescas, mas, no caso do Brasil, temos mais instrumentos e musculatura para enfrentá-la.
No caminho para a urna, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso condenou o excesso de poder do BC.
— O governo pode comprar o que quiser, até imobiliárias. Mas qual é o critério? Tem de ser explícito, se não, pode haver suspeita — ponderou.
Apesar das críticas, afirmou que o PSDB deve apoiar as medidas:
— É preciso agir com resposabilidade. Crise é crise e afeta a todos.
O DESTINO DO JURO
O que o Banco Central pode fazer com a taxa básica e suas conseqüências:
Manter
Caso decida manter a taxa básica em 13,75% ao ano, o BC estará fazendo uma espécie de pausa para
meditação. É a preferência da maioria dos analistas.
O que justificaria: o cenário de aperto do crédito no Exterior e no Brasil, o risco de desaceleração da economia, a expectativa de contenção da alta do dólar e um certo alinhamento com o corte global de juros.
O que vai representar: um certo alento para o setor produtivo, que ao menos atuará com um sinal de estabilidade, mas pouco alívio para o setor financeiro, que já tem uma das maiores taxas de juro do planeta
PROBABILIDADE: ALTA
Elevar
Uma alta no juro básico não é descartada por economistas. Nesse caso, as circunstâncias não recomendariam mais do que 0,25 ponto percentual.
O que justificaria: preocupação com os efeitos inflacionários da alta do câmbio, a percepção de que o consumo ainda está mais
acelerado do que a produção e descolamento das políticas monetárias internacionais.
O que vai representar:
mais preocupação nos setores produtivo e financeiro com a alta no custo do crédito e um sinal de inquietação do BC com o controle do câmbio.
PROBABILIDADE MÉDIA
Baixar
Há escassas apostas na redução do juro, mesmo diante das ações dos demais BCs e problemas de circulação de recursos no país.
O que justificaria: conforto com o atual nível de inflação, confiança na capacidade de controlar o câmbio, avaliação de que a crise terá como efeito colaterar um freio sobre a demanda interna.
O que vai representar: mais facilidade para circulação de recursos no sistema financeiro nacional, pequeno destravamento no crédito e maior preocupação com os efeitos recessivos da crise no Brasil.
PROBABILIDADE: BAIXA
Entenda a crise nos mercados
mundiais
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