| 15/10/2008 16h32min
No trecho de improviso do discurso que fez nesta quarta na reunião principal do encontro entre governantes do Brasil, Índia e África do Sul, em Nova Délhi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou uma metáfora para defender a necessidade de união dos países menores.
Ao reafirmar sua convicção de que os países desenvolvidos foram incompetentes para resolver a crise financeira, ele disse que é necessária uma "revolta dos bagrinhos", na qual os países menos desenvolvidos se unam para fortalecer suas posições e conseguir mudanças no sistema financeiro internacional.
— É como se fosse a revolta dos bagrinhos — brincou Lula, citando uma expressão usada no PT em referência a um episódio de 1994, quando os grupos minoritários do partido se uniram e passaram a comandá-lo, substituindo a moderada corrente Articulação, à qual pertencia o próprio Lula.
O presidente chegou a contar ao colega sul-africano, Kgalema Motlanthe, e ao primeiro-ministro da Índia,
Manmohan Singh, que bagre é um peixe
brasileiro pequeno que freqüentemente é devorado por um grande, o jaú. Só que, de vez em quando, os bagrinhos se revoltam e se juntam para comer o jaú. No mesmo discurso, o presidente Lula disse que é preciso repensar o modelo mundial de produção e abastecimento de alimentos e passou a defender a conclusão da Rodada Doha.
— É inadmissível que os subsídios agrícolas dos países ricos continuem a causar fome e destruir vocações agrícolas — declarou, acentuando que esta é uma luta que o G-20 tem de continuar.
O presidente brasileiro reafirmou seu discurso de que "não é justo que as perdas decorrentes dessa crise sejam hoje socializadas, quando os lucros de ontem só alimentaram os poucos donos do sistema financeiro internacional." Na avaliação de Lula, não faz sentido que o comércio entre países como os emergentes sejam afetados por problemas financeiros oriundos dos países ricos.
Depois da cerimônia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso
Amorim, anunciou a criação de uma
comissão de monitoramento de comércio, como existe em relação à China, Uruguai e Argentina, para evitar que problemas específicos impeçam o comércio bilateral entre Brasil e Índia.
Entenda a crise:
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