| 02/09/2008 15h22min
O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, contestou a tese de que o Brasil caminha para uma crise externa com base apenas no atual déficit em contas correntes do país. Ele foi um dos participantes de um painel sobre economia no seminário O Brasil que queremos, promovido pela revista Veja, em São Paulo.
Estiveram na da mesa-redonda também o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga; e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Estimativas apontam para um saldo negativo das contas correntes do país entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões. De acordo com o ex-ministro, a situação é administrável e representa pouco em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas do país. Na avaliação de Maílson da Nóbrega, o Brasil pode até tirar proveito e atrair mais investimentos.
– Significa atrair poupança externas para alavancar nossos investimentos. Investimos mais com um déficit em conta corrente moderado – disse.
Ao analisar a atual situação da economia do País, o ex-ministro fez um balanço positivo e ressaltou que é fruto da contribuição de cada governo, não uma ação isolada da administração atual.
- Foi um processo de amadurecimento. Cada um colocou o seu tijolinho.
Maílson acrescentou que o Brasil está deixando para trás fatores que interrompiam o crescimento, como a instabilidade política e econômica e a maior vulnerabilidade em relação a crises externas.
– Temos um Banco Central autônomo, que toma decisões avaliando balanço de riscos e a necessidade de se preservar a meta de inflação. O Brasil tem reservas internacionais que suplanta sua dívida externa. Isso é novo no país – disse Maílson.
Ao elogiar a postura autônoma do Banco Central, o ex-ministro da Fazenda acrescentou que o Brasil afastou o risco do que chamou de voluntarismo: a possibilidade do presidente da República decidir e determinar que o Banco Central tem de baixar os juros da maneira que acreditar ser conveniente.
– Se o Banco Central age por impulso voluntarista do presidente da República, isso é sentido imediatamente pelos mercados – enfatizou.
Para ele, essa postura voluntarista não foi adotada porque houve uma conscientização sobre os riscos e as conseqüências sobre a política monetária.
– O eleitor aprendeu que inflação não presta. E as pesquisas mostram que os presidentes que deixam a inflação sair do controle, perdem popularidade.
Maílson da Nóbrega ressaltou que o Brasil ainda precisa fazer reformas estruturais, como a previdenciária e a trabalhista, e defendeu ainda mudanças no marco regulatório de diversos setores, mas concordou que a situação atual é bem diferente da passada.
Superávit primário
O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, avaliou ainda que o caminho natural para a economia brasileira é considerar cada vez mais o chamado superávit nominal em vez do primário (receita menos despesas, excluindo os juros). Mas destacou que ainda não é o momento para deixar o superávit primário de lado, já que ele pode ser um importante indicador da estabilidade.
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