| 19/04/2008 16h51min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado, dia 19, durante viagem a Gana, na África, que os produtos que podem servir como alimento não devem ser utilizados para fazer biocombustíveis e criticou a produção de etanol a partir do milho pelos Estados Unidos. A opção norte-americana tem inflacionado o preço do milho e gerado problemas de abastecimento em países como o México, que depende do produto para ração animal.
– As políticas de biocombustíveis só têm um equívoco, que é a decisão americana de produzir álcool do milho. Certamente que isso reflete no preço de um produto que é importante para a ração animal, que é o milho. Respeitando a autonomia e a decisão de cada país, o que é recomendável é que a gente produza os biocombustíveis de produtos que não sejam alimento para a população – disse Lula
Mais uma vez, Lula refutou as críticas crescentes e incisivas - inclusive do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, John Ziegler - de que a alta nos preços mundiais dos alimentos se deve à produção de biocombustíveis. Segundo o presidente, a culpa da elevação dos preços (45% nos últimos nove meses) se deve muito mais ao aumento do custo do frete, causado pela valorização do petróleo.
– É muito estranho alguém fazer críticas aos biocombustíveis sem fazer nenhuma crítica ao barril do petróleo, que subiu de US$ 30 para US$ 103 – afirmou.
O presidente defendeu a produção de energia limpa como oportunidade de desenvolvimento dos países mais pobres e negou que isso comprometa a produção de alimentos.
– No caso do Brasil, nós estamos provando que é possível produzir biodiesel e aumentar a produção agrícola, sobretudo na área de grãos. Acho que teríamos um problema grave se produzíssemos muito alimento e não tivéssemos para quem vender – ponderou, frisando que o atual desafio é produzir mais alimentos para dar conta do crescimento da demanda no mundo.
O presidente aproveitou para criticar o protecionismo dos países ricos. Pediu o fim dos subsídios concedidos pelas nações desenvolvidas aos seus agricultores e a abertura dos mercados desenvolvidos para produtos agrícolas dos países mais pobres.
– Alguns países ricos nâo têm mais como aumentar a sua produção agrícola. Então, obrigatoriamente, eles terão que olhar para o continente africano, terão que olhar para a América Latina e perceber que somos nós que temos terra, somos nós que temos as condições de suprir as necessidades do crescimento da demanda por alimento no mundo – afirmou.
AGÊNCIA BRASIL
Os presidentes de Gana, John Kufuor, e Luiz Inácio Lula da Silva conversam durante chegada ao país
Foto:
Valter Campanato, Agência Brasil
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