| 06/04/2008 15h09min
Quem visitou a Argentina nas últimas três semanas pode ter voltado para casa frustrado por não ter tido a oportunidade de provar o produto mais característico da culinária do país: a carne bovina.
Os 21 dias de mobilização do setor agropecuário, que se encerrou na última quarta-feira, dia 2, deixaram a população de Buenos Aires e de algumas grandes cidades desabastecida.
Os protestos dos ruralistas argentinos não só contribuíram com a falta de alimentos em Buenos Aires, mas também ocasionaram uma alta nos preços. A expectativa é de que a inflação supere 2% em março. Aos poucos, no entanto, a vida vai voltando ao normal com o reaparecimento de carnes e os hortigranjeiros.
Nesta segunda-feira, dia 7, começam as negociações entre governo e produtores. Desta vez, espera-se entendimento para que os argentinos não voltem a passar por uma nova crise.
Durante o período de protestos, nenhum caminhão transportando matéria-prima com origem no campo pôde transitar pelas rodovias do país. Ao todo, foram montadas 400 barreiras. O único produto autorizado para transporte foi o leite in natura.
Na capital argentina, os principais cortes de carne bovina desapareceram dos balcões frigoríficos dos açougues e supermercados. Nos restaurantes ao redor da calle Florida, importante centro turístico, e do Puerto Madero, zona de gastronomia mais requintada na capital portenha, garçons explicavam aos clientes que, em razão do protesto, não havia carne bovina. O Mercado de Liniers - local que vende animais para os frigoríficos ao redor de Buenos Aires - ficou sem negócios por mais de 15 dias.
– Os dois mil bretes, que recebem 37 mil animais negociados por semana, estão vazios – explicava uma assessora da mais importante praça de comercialização de gado no país.
No Mercado Central, além da falta de produtos hortigranjeiros, duas toneladas de alimentos estragados tiveram que ser jogadas fora. Na televisão, imagens de pintos de um dia sendo sacrificados por falta de ração chocaram a população do país.
– Foi o maior levante ruralista dos últimos 70 anos – recorda Daniel Boglione, diretor da Boero & Cia, corretora de cereais com sede em Rosário, a 300 quilômetros de Buenos Aires.
Os argentinos esperam agora que com a retomada no abastecimento, os preços dos alimentos, que chegaram a aumentar até 40% (frutas e verduras), voltem a baixar. Para que a oferta seja regularizada na próxima semana, mercados de gado e hortaliças estão operando neste final de semana.
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