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Investigação sobre morte de Celso Daniel admite atentado político, vingança ou seqüestro

Três são as linhas básicas investigadas para tentar solucionar a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. A Polícia Federal se concentra na hipótese de um crime político e no rastreamento da auto-denominada Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb). A Polícia Civil paulista analisa as possibilidades de homicídio praticado por vingança e, numa vertente cada vez menos prestigiada, seqüestro com vistas a chantagem. Confira os prós e contras de cada hipótese averiguada:

ATENTADO POLÍTICO
Prós:
• O prefeito assassinado era o coordenador do programa político de Lula, candidato à Presidência da República pelo PT.
• Mesmo raras, já ocorreram execuções praticadas por extremistas de esquerda contra outros esquerdistas que teriam "se desviado" da causa marxista. Isso aconteceu entre integrantes do PCB, durante a Era Vargas (1930-1945) e entre elementos das diversas guerrilhas de esquerda, durante a ditadura militar (1964-1985). Ao realizar privatizações de empresas municipais e demissões de funcionários, o prefeito Celso Daniel pode ter se exposto à ação violenta de radicais.
• Por ser um dos fundadores e ideólogos do PT em São Paulo, o prefeito pode ter se tornado alvo de extremistas de direita, contrários à ascensão marxista no país.
• Uma pseudo-organização intitulada Farb assumiu a autoria do assassinato do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos (o Toninho do PT) e advertiu outros 37 membros do PT no Estado de São Paulo para a possibilidade de sofrerem represálias contra desvios ideológicos.

Contras:
• Se o objetivo é eliminar líderes do PT, soa estranho aos policiais que o alvo do atentado seja um prefeito de uma cidade que não figura entre as maiores, entre as governadas pelos petistas no país. Ele tampouco era uma estrela de brilho nacional, embora fosse bastante conhecido dentro do PT.
• Se era um atentado político, por que o prefeito não foi eliminado na hora do seqüestro?
• Se o objetivo era amedrontar os petistas, o tiro pode ter saído pela culatra. O atentado uniu os políticos ligados ao PT e deu projeção nacional ao fato, num ano eleitoral.
• Não existe, na história recente do país, tradição de atentados como represália ideológica.

VINGANÇA
Prós:
• Um prefeito costuma contrariar muitos interesses empresariais e eleitorais. A Polícia Civil está investigando preteridos em obras, privatizações e outros atos de governo em Santo André, em busca de possíveis ressentimentos ou ameaças contra Celso Daniel.
• O prefeito era separado, sem filhos e costumava sair à noite para se divertir. Sua vida pessoal e os locais públicos que freqüentava estão sendo rastreados, para verificar a existência de possíveis inimigos ou desafetos passionais. A criminologia relata inúmeros casos em que tiros no rosto exprimem a raiva dos assassinos, a tentativa de desfigurar o alvo.
• O Ministério Público analisava negócios feitos pela prefeitura de Santo André nos últimos dois anos. O motorista da Pajero em que o prefeito foi seqüestrado, Sérgio Gomes da Silva – ex-assessor da prefeitura e amigo pessoal de Daniel – seria ouvido sobre negócios envolvendo uma empresa de limpeza contratada sem concorrência pela prefeitura.

Contras:
• Ninguém lembra de o prefeito ter recebido ameaças de morte em seus três mandatos, excetuada a generalização contra o PT feita pela suposta Farb.
• Se o objetivo era vingança, por que Daniel não foi assassinado na hora do seqüestro?
• Por que foi permitido ao prefeito que trocasse de roupa no cativeiro, se a intenção era matá-lo?

SEQÜESTRO
Prós:
• Alguém telefonou para o senador Eduardo Suplicy, dizendo ser um dos autores do seqüestro e exigiu a libertação de presos para soltar o prefeito. O caso foi repassado ao governador Geraldo Alckmin, que pediu provas de vida do seqüestrado, antes de soltar qualquer preso. Os contatos não foram mais feitos, e o prefeito apareceu morto.
• Organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), têm se notabilizado por ameaçar autoridades. Em pelo menos um caso, familiares de um diretor de presídio foram seqüestrados, para conseguir a libertação de presos.

Contras:
• O suposto seqüestrador que telefonou para Geraldo Alckmin desistiu da negociação, sem obter nada em troca. Isso é incomum em seqüestros.
• O prefeito Celso Daniel não era um homem de posses. Por que seqüestrá-lo?
• O prefeito não era do partido do governador. Não teria como interferir na libertação de presos. Por que seqüestrá-lo?

HUMBERTO TREZZI
 
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