| 18/04/2009 06h10min
Não estranhe se a torcida do Caxias deixar de ocupar os mil lugares destinados ao adversário na decisão da Taça Fábio Koff, no Beira-Rio, amanhã. Há medo no ar. Medo da violência.
Toda vez que Caxias ou Juventude jogam em Porto Alegre os ônibus das empresas contratadas retornam às garagens da Serra com vidros quebrados e lataria amassada. É raro não serem apedrejados na saída do Olímpico ou do Beira-Rio, apesar de todo o aparato da Brigada Militar.
No caso do Beira-Rio, o problema é o Parque Marinha do Brasil. Os marginais se escondem atrás das árvores ao entardecer e, beneficiados pela baixa visibilidade, atiram pedras e depois se escondem na imensidão verde.
José Brando tem 54 anos. Não é ligado a nenhuma
organizada e arregimenta torcedores para jogos do clube do coração há 14 anos. Lotou três
ônibus e uma van para a decisão contra o Inter. No total, 50 pessoas. Teme não conseguir mais que isso.
— O problema é que as organizadas de Caxias e Porto Alegre não se dão e isso afeta a todos. Os donos da empresas de ônibus não querem disponibilizar veículos, com medo de depredação. Hoje, o sujeito pensa duas vezes antes de ir a Porto Alegre ver um jogo — lamenta Brando.
Se a torcida do Caxias não lotar o seu espaço no Beira-Rio terá sido mais uma vitória da barbárie sobre a paz.
Festa engatilhada em sigilo
O vice de marketing do Inter, Jorge Avancini, está preparando uma festa de arromba para comemorar o título por antecipação no domingo, em caso de vitória sobre o Caxias. A ordem é manter sigilo para não turbinar o adversário, como reza a cartilha contra o excesso de confiança, o popular salto alto. Mas com o favoritismo reconhecido até pelo Caxias, sempre vaza alguma
informação.
Se o Inter ganhar, camisetas com o número 39,
alusão ao que seria o 39º título estadual, brotarão por todos os lados.
É daí para mais.
Trilha sonora para quem pode
Paulo Roberto Falcão está de volta à Rádio Gaúcha. E com uma novidade. A trilha do seu programa de todos os sábados, às 13h, é uma música cuja fonte inspiradora é ele mesmo. Lançada em vinil em 1982 no disco Pau Brasil (já existe em CD, é claro ), a música "Falcão", do maestro e arranjador Francis Hime homenageava o então Rei de Roma. Quer escutar? Então, clique abaixo e confira. É para quem pode.
Escurinho: "No último minuto"
Em breve, muito breve, o futebol gaúcho será abençoada com dois livros. O que é uma dádiva. A bibliografia esportiva no Brasil é nada perto de outros países.
Beckham, metrossexual e jogador, tem seis biografias na Inglaterra e ainda nem se aposentou. Então, que se escrevam livros, e muitos, sobre futebol.
"No último minuto", de autoria do jornalista Jones Lopes da Silva, de Zero Hora, contará a vida de Escurinho. O título, claro, é uma referência ao mito criado em torno dos gols de Escurinho no finzinho dos jogos, especialmente os Gre-Nais.
No lendário Inter dos anos 70, ela era o 12º jogador muito por essa lenda. Ao vê-lo erguer-se do banco de reservas para o aquecimento na pista atlética — era assim naqueles tempos — a torcida enlouquecia. Sabia que, aos 45 minutos do segundo tempo, o gol ia sair. E saía mesmo, quase sempre de cabeça.
A paixão desmedida de Escurinho pela música (como indica a foto com o violão), a luta contra o diabetes que lhe sonegou a visão e, esta semana, também parte da perna, tudo estará em "No último minuto".
Pelo que o Jones me conta entre um e outro café, é
uma história sublime. Imperdível.
Brasil-Pe: "A noite que não acabou".
O outro livro que está no forno é o dos também jornalistas Nauro Júnior e Eduardo Cecconi. O título, provisório, é quase o resumo da obra. "A noite que não acabou" reconstituirá a tragédia vivida pelo Brasil-Pe, cuja dramaticidade sensibilizou o país.
Do acidente de ônibus que vitimou o atacante Cláudio Milar, o zagueiro Régis e o preparador de goleiros Giovani Guimarães, no dia 15 de janeiro, até o último jogo no Gauchão, em 2 de abril, tudo será reconstituído. O lançamento será na Feira do Livro de Pelotas, em outubro. E, quem sabe, também na Feira de Porto Alegre.
O depoimento de Danrlei (na foto, chorando no enterro), diz o Nauro, é comovente. E riquíssimo em detalhes do acidente.
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