| 11/04/2009 03h30min
Além do barulho das garras das chuteiras batendo na escada do túnel de acesso ao gramado do Alfredo Jaconi, quando entrarem em campo para o Ca-Ju deste domingo de Páscoa os centroavantes Mendes e Marcos Denner poderão escutar o som de suas preces. Vizinhos de prédio e companheiros de culto na Igreja do Nazareno, os rivais no futebol vão a campo rezando pela vaga na final do segundo turno do Gauchão.
As orações às vésperas do Ca-Ju 260 não serão exatamente pedidos de vitória.
— Se eu não correr dentro de campo, Deus não vai fazer gol por mim. Eu rezo pedindo sabedoria para executar a jogada. Neste Ca-Ju, não vai ser diferente — garante Marcos Denner, 32 anos.
A religião apareceu na vida de Denner em 1998. De lá para cá, ele foi batizado na nova crença (em 22 de novembro daquele ano) e procurou modificar algumas atitudes. Hoje, por exemplo, dedica mais tempo à família.
Mendes começou a participar de cultos da igreja
evangélica em 2007, a convite do amigo André, ex-goleiro
do Caxias, hoje na Ulbra. Nessa época, ambos jogavam na Portuguesa Santista. O goleador do Juventude considera-se um iniciante nos assuntos da fé, por isso,ainda espera o momento certo para ser batizado.
— Deus diz: faz a tua parte que te ajudarei. Vou pedir pelo bom resultado e para que ninguém se machuque, nem eu nem o meu adversário. Todos os jogos são importantes, mas esse é especial porque é Ca-Ju — antecipa Mendes, 33.
Denner é avesso a superstições e amuletos, tão comuns no futebol. Mendes, ao contrário, ainda carrega algumas manias, que aos poucos procura se desvencilhar.
— É uma fraqueza minha. Às vezes tenho o hábito de usar o mesmo relógio na concentração, se deu certo num jogo, em uma concentração seguinte. Essas atitudes são só do fator psicológico, nada têm a ver com a minha crença — diz Mendes.
Nas horas de dificuldades, a fé é o socorro. Os dois centroavantes citam momentos em que acreditam terem
sido salvos pela fé:
— Em 2002, eu
jogava na Coreia do Sul e passava por um momento difícil. Estava muito tempo no banco, chateado. Então orei a Deus para que me desse condições de entrar em campo e fazer gol. Eu acreditei. Até que subiu a placa dos acréscimos e ao mesmo tempo a placa com o meu número. Entrei em campo e fiz gol — lembra Denner.
No caso de Mendes, o momento de bênção ocorreu antes mesmo de ele começar a crer.
— Em 2006 passei por uma cirurgia de apêndice e fiquei 45 dias fora. Estava no Vitória-BA. Fui parar em um clube da segunda divisão paulista. Até que Deus abriu uma porta no futebol do Uruguai, onde tudo foi melhor — recorda.
A fé moverá os dois atacantes neste domingo. Resta saber quem receberá a bênção da vitória.
Por dentro do clássico
ZAGA NO DM
O Juventude terá de remontar sua zaga. O titular Juan Pérez, com luxação no tornozelo esquerdo, e o reserva
imediato Dirley, que sofreu uma lesão muscular, estão vetados. Alex Moraes, a terceira opção,
ainda sente dores no pé esquerdo. Para piorar, o titular Da Silva está suspenso.
BARRADO NO BAILE
-O volante Roberto é o único desfalque do Caxias para o clássico. Suspenso pelo terceiro cartão amarelo, pode dar lugar ao antigo titular Marielson, recuperado de lesão.
OS TIMES
Juventude:
Gatti; Douglas, Renan e Mineiro (Alex Moraes); Naydion (Cicinho ou Luiz Felipe); Walker, Tiago Renz, Alan e Cicinho (Mineiro); Ivo e Mendes.
Caxias:
Muriel, Daniel, Vágner Garibaldi, Santín e Brida; Bruno, Mika, Marielson (Cristian Borja) e Guilherme; Júlio Madureira e Marcos Denner.
Marcos Denner (E), do Caxias, frequenta igreja evangélica desde 1998, enquanto Mendes começou a participar de cultos em 2007
Foto:
Juan Barbosa
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