Já passava das 3h desta quinta-feira, 18 de julho, e o diretor financeiro do Grêmio, Airton Ruschel, ainda não havia conseguido dormir. Ao mesmo tempo em que praguejava contra o argentino Daniel Giménez, árbitro de Grêmio e Olimpia, Ruschel esboçava saídas para a crise financeira que o fim do sonho do tri da Libertadores desencadeou.

Sem os US$ 2 milhões que poderia faturar com a conquista da competição, o clube só tem a alternativa de apertar o cinto. O clube reduzirá seus gastos mensais em 50%.

É certo que os investimentos serão modestos para o Campeonato Brasileiro. A principal preocupação, no momento, é colocar em dia as verbas relativas a direitos de imagem dos jogadores. Ruschel admite um mês de atraso. Junto com o vice de finanças, Jaime de Marco, Ruschel tem-se ocupado de adotar medidas que se traduzam em cortes no orçamento tricolor. Só a folha de pagamentos significa gastos de R$ 1,4 milhão por mês.

A medida mais prática seria reduzir o salário dos jogadores. Como tal saída esbarra na legislação trabalhista brasileira, a alternativa poderá ser a dispensa de jogadores cujo salário torna-se quase insuportável.  Sem a verba da Libertadores, o Grêmio passa a ter na Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, a sua principal fonte de receita.

A emissora, no entanto, também admite enfrentar dificuldades financeiras. Tenta renegociar com os participantes da competição a segunda e a terceira parcelas de US$ 900 mil relativas aos direitos de transmissão. A empresa propõe uma "desdolarização", baixando a cotação da moeda norte-americana de R$ 2,80 para R$ 1,69.

Esse recurso, na prática, representaria uma redução de 46% nos valores injetados pela empresa nos cofres dos clubes.

– Impõe-se uma reengenharia no orçamento dos clubes brasileiros. Com o Grêmio, não será diferente. Não há outra alternativa – adverte Ruschel.

LUÍS HENRIQUE BENFICA