| 04/12/2007 21h37min
A nadadora Rebeca Gusmão voltou a negar nesta terça o uso de doping para melhorar sua performance esportiva. Em entrevista à ESPN Brasil, a nadadora afirmou que nunca utilizou substâncias proibidas.
– Nunca precisei, sempre contei com meu talento e meus profissionais – diz, usando seus genes como justificativa. – Aos 9 anos carregava caixas com 12 leites, mais um saco de laranjas. Aos 10 anos, chamava a atenção do meu médico por jogar a bola de basquete de uma quadra a outra. Minha irmã mais nova tem ombros até mais largos que os meus. Minha mãe também, meu pai é ex-jogador de futebol. A genética de família me ajuda – afirma.
Rebeca é investigada em duas suspeitas de doping. Um pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), referente a um resultado positivo para testosterona ocorido em 2006, e outra em amostra coletada dia 13 de julho a pedido da Fina, primeiro dia dos Jogos Pan-Americanos do Rio, também acusando níveis elevados da mesma substância, que teria origem exogena (externa ao organismo da atleta). Ela também é alvo de inquérito policial por suposta adulteração de amostras, após dois de quatro materiais entregues no antidoping apresentarem DNAs diferentes.
A análise da contraprova do caso no CAS deveria ter acontecido na última segunda-feira, mas foi adiada.
– Foi adiada para janeiro – diz a atleta, segura de que a defesa poderá comprovar sua inocência. – Foram apontadas falhas em coisas, mas tudo ainda é tratado em sigilo'. Quanto a adulteração de materiais, ela confessa ter se surpreendido. 'Quando soube disse: como assim não é minha? Mas recebi a documentação do laboratório, nada pode ser falado ainda, mas que indica falhas que serão mostradas em breve. Os relatórios podem provar isso'.
Sustentando a tese de ovário policístico para explicar o desequilíbrio hormonal, Rebeca pediu respeito.
– Como atleta isto (níveis de testosterona) me dá uma grande vantagem, aumenta minha força e agressividade. Mas como
mulher é complicado, ficava um pouco envergonhada.
Eu sou mulher, quero ser mãe e apesar de ter vantagem como atleta, carrego o fardo até de não poder ter filho. Eu não pedi para ter isso, já fiz tratamento, mas ele volta. Pode ser mais sério lá na frente, mas vamos esperar, se precisar posso até operar. As pessoas têm de respeitar minha privacidade. Se não quero falar, não vou falar. Isso diz respeito apenas às pessoas que estão envolvidas comigo – finaliza a nadadora.
Laboratório canadense
A nadadora Rebeca Gusmão evitou polemizar com o médico Eduardo de Rose, mas admitiu ter ressalvas à decisão de enviar seus exames para análise no laboratório credenciado pela Wada no Canadá. Desde o ano passado, a atleta questiona o estabelecimento, responsável por um resultado positivo que está sendo investigado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS). O local foi o mesmo para o qual De Rose encaminhou a amostra coletada em 13 de julho deste e que acusou níveis exagerados de testosterona de origem externa.
– Meu exame poderia ter sido mandado para outros 32 laboratórios no mundo, não faz sentido mandar para o Canadá. Se soubesse teria colocado uma observação – disse.
Rebeca admitiu ter ouvido falar de interesses comuns entre o médico brasileiro e o laboratório canadense, mas preferiu não fazer especulações.
– Só escuto boatos, rumores. Não posso nem comentar, só sei de meus problemas com o laboratório do Canadá – afirmou, questionando também que seu principal algoz seja ligado à Federação Internacional de Fisiculturismo e ao combate ao doping.
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