| 04/12/2007 00h40min
O delegado Marcos Cipriano, responsável pelas investigações do caso Rebeca Gusmão, disse, nesta segunda, que o depoimento da médica Renata Castro foi, conforme prometido por ela, revelador. Cipriano confirmou que, em seu depoimento, Renata acusou diretamente o médico Eduardo de Rose, "criando muitas e novas interrogações". Cipriano admitiu que o que foi dito mudou o rumo das investigações, e informou que a médica deixou a delegacia com um pedido de exame de DNA, de acordo com o GloboEsporte.com.
– A doutora Renata saiu da delegacia com um pedido de exame de DNA para ser feito no Instituto Médico Legal, mas não é obrigada a fazê-lo. Ela decidirá com seus advogados se fará ou não. A princípio, a doutora mostrou-se receosa com o pedido do exame, e pareceu que não gostaria de fazer, justamente por não confiar no exame de DNA feito na contraprova da Rebeca, pelo Laboratório Sonda, que acusou a existência de dois DNAs. Ela não quer comparar o DNA dela com o que foi achado pelo laboratório, que não está certificado pela Wada. No entanto, a negação de se fazer o exame de DNA pode ser considerado um indício suspeito – considerou.
Sobre o depoimento, Cipriano revelou que Renata Castro apresentou provas de que houve irregularidades na coleta de amostras para os exames antidoping nos Jogos Pan-Americanos.
– Ela apresentou em seu depoimento quatro irregularidades que aconteceram durante o Pan, nos casos de exames antidoping. Em todas, ela apresentou provas. Acredito que o doutor Eduardo de Rose tenha que ser ouvido novamente – disse Cipriano
Questionado sobre quais seriam as irregularidades, o delegado admitiu que foram apresentadas provas de problemas com a identificação dos atletas, entre outros.
– Foram colocadas em dúvida algumas posições do doutor De Rose, inclusive com relação ao poder que ele tem de influenciar algumas decisões do COB. Ela quis deixar claro que havia uma perseguição para pegar a Rebeca. Uma das questões que ela levantou foi a identificação da nadadora. Normalmente, pelo código mundial de doping, essa identificação deve ser feita pela numeração, e não por qualquer identificação pessoal do atleta. Ela também estranhou o fato do doutor De Rose ter enviado o material do exame do dia 13 de julho para Montreal, e ele ter sido entregue em mãos por um assistente seu. Isso seria uma amostra de como seria grande o interesse pessoal de alguém que o processo fosse todo feito – relatou.
Um dos pontos que sustentou a argumentação da médica foi uma suposta perseguição que o médico Eduardo de Rose estaria fazendo a Rebeca Gusmão. Marcos Cipriano revelou um trecho do depoimento de Renata Castro em que a médica explica as razões desta perseguição.
– A Renata disse que um dos motivos da perseguição de De Rose, hoje, pode ser alguns procedimentos utilizados pelo médico no exame antidoping de 2006, e que ela foi contra. Outro motivo apresentado é que, se fosse analisado apenas pelo COB e pela Wada, a punição não seria tão forte. Sendo investigada pela polícia, a atleta seria punida com muito mais rigor. Pelo código mundial antidoping, nem o resultado do laboratório Sonda é válido, e nem o DNA poderia ser feito na urina de um atleta sem a sua autorização – revelou Cipriano
Segundo o delegado, o depoimento de Renata Castro aumentou o número potencial de pessoas envolvidas no caso.
– Acho que apenas aumentou o leque de possibilidades de pessoas envolvidas. Essa discordância entre o De Rose e a Renata está indiretamente ligada a ela. A fraude é fato. Estou investigando o caso de dois DNAs em uma mesma urina. Isso não mudou depois do depoimento da Renata. Quero, ainda esta semana, ouvir Rebeca Gusmão e seu técnico, Hugo Lobo. Eles serão intimados nesta terça-feira, já que tenho 30 dias para entregar um relatório à Justiça, e não quero que este relatório seja entregue sem os seus depoimentos – finalizou.
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