| 04/10/2005 14h48min
O deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil, afirmou, em entrevista para a rádio BandNews, que as CPIs estão perdendo o foco, desviando os rumos, na medida em que ampliaram as investigações até para a máfia do apito. Ele voltou a negar ser o chefe do mensalão e garante que é inocente.
– Sou acusado de ser o chefe do mensalão, que nem é provado que existe. As CPIs não terminaram. Elas não têm relatórios. Fizeram relatório parcial com material de jornal e denúncias do Roberto Jefferson, como se fosse prova material, o que é um absurdo – disse Dirceu, em entrevista que foi ao ar na rádio Bandeirantes FM.
– Se há corrupção no IRB, na Eletronorte, nos Correios, como parece, neste governo, há no governo anterior. Não pode começar a investigar só nesse governo. No caso da Gtech, da Caixa Econômica Federal, não tem nada nesse governo, você pode ver o depoimento do procurador Lucas Furtado na CPI. É tudo no governo passado – declarou.
Ao comentar a decisão do ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou a liminar que retardava a instauração dos processos de cassação de vários deputados do PT, Dirceu disse que a liminar atingiu seus objetivos.
– Foi cumprida a decisão da liminar, todos os deputados foram ouvidos. Se não cumprir o devido processo legal, amanhã qualquer um, ou mesmo um dos deputados, pode ir à Justiça e anular todo o processo. Nós sabemos que no Brasil muitas vezes as condenações não saem por isso – disse Dirceu.
O deputado garantiu, no entanto, que não pode aceitar ser processado por quebra de decoro na Câmara.
– Eu não posso aceitar ser processado por quebra de decoro. Eu era ministro e não era deputado. Se querem me processar, me processem no Supremo Tribunal Federal – acrescentou.
O ex-ministro disse que se há alguma irregularidades nos bingos, os governadores também precisam responder.
Ele voltou a reconhecer que cometeu erros, mas não crimes.
– Não me arrependo de nada que fiz. Não fiz nada que me envergonhasse. Estou com as mãos limpas. Agora vou defender o meu mandato e provar a minha inocência. No Brasil, a inocência é presumida. O ônus da prova se inverteu – declarou.
AGÊNCIA O GLOBO