| 23/09/2005 08h17min
Responsável pelo racha no PT na última eleição para a presidência da Câmara, que culminou na vitória de Severino Cavalcanti, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) está pronto para concorrer novamente.
Nem bem Severino havia deixado o plenário na quarta-feira, depois da renúncia, e Virgílio já articulava. Da primeira vez, a sua candidatura - uma afronta ao candidato do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) - chegou a lhe custar uma suspensão do PT.
A seguir, a entrevista concedida à Agência RBS:
Agência RBS - Por que o senhor é novamente candidato à presidência da Câmara?
Virgílio Guimarães - O contexto é outro. A candidatura, se houver, é outra. Antes, era uma candidatura de enfrentamento a uma situação insuportável que prevalecia no PT. Agora é uma candidatura de construção, de diálogo, que veio em resposta à demanda do grupo que me apoiou naquela ocasião.
Agência RBS - A sua candidatura à presidência não pode levar novamente governo e PT à derrota?
Virgílio - Da outra vez o que levou à derrota foi a loucura praticada pelo PT de tentar impor uma candidatura (a do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh). Em dois turnos, a divisão não leva nunca à derrota. O que houve foi uma agressão aos aliados e à Câmara, uma candidatura que não foi construída e teve rejeição forte. A minha candidatura dava ao PT a possibilidade de Severino não ter sido eleito. Bastava manter os votos do PT em mim e Severino não teria ido para o segundo turno.
Agência RBS - Se o PT defender outro candidato, o senhor desiste?
Virgílio - O PT não tem me convidado para participar das suas atividades.
Agência RBS - Mas, se for o caso, o senhor sustentará uma candidatura avulsa?
Virgílio - Vamos construir uma solução. Espero que o PT tenha juízo desta vez.
Agência RBS - E se o PT não tiver juízo?
Virgílio - Não sei. O certo é que a Casa terá soluções. O PT é aparentemente o maior partido, mas a solução tem de brotar da Câmara.
Agência RBS - Quem está com o senhor nessa batalha?
Virgílio - Não estou em batalha nenhuma. Quem está comigo é o mesmo grupo que me apoiou da outra vez, que pretende participar da construção da nova presidência.
Agência RBS - O senhor não se sente culpado?
Virgílio - Não. Prestei um grande serviço ao PT e ao país com aquela candidatura. Não acredito que o governo vá repetir os erros do passado.
CAROLINA BAHIA/ AGÊNCIA RBS