| 19/09/2005 20h29min
Diante da constatação de que a situação de Severino Cavalcanti (PP-PE) é insustentável, a sucessão na Câmara foi discutida nesta segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião de coordenação. O desejo do Palácio do Planalto é que se construa um nome de consenso para presidir a Câmara, com perfil institucional e que não tenha a marca do governo nem da oposição. O presidente Lula, segundo interlocutores, espera que desta vez o PT e os partidos da base aliada consigam ficar unidos e lançar um nome palatável às demais legendas.
A preocupação do governo é que a escolha do sucessor de Severino não se transforme num cabo de guerra entre oposição e governo, com conseqüências imprevisíveis nos trabalhos legislativos. A avaliação feita na reunião de coordenação - da qual participam ministros e o vice José Alencar - é que a crise está amenizando e agora projetos de interesse do Planalto poderão ser votados. O Palácio quer evitar que a sucessão de Severino deixe seqüelas nas relações congressuais e impeça o andamento das votações.
Durante a reunião, entre os nomes comentados para presidir a Câmara estão os dos petistas Sigmaringa Seixas (DF), Arlindo Chinaglia (SP), José Eduardo Cardozo (SP) e Paulo Delgado (MG). Lula deixou claro que o PT terá de trabalhar para construir um nome de consenso dentro e fora do partido, alertando que não pretende interferir nesse processo.
Na eleição de Severino, em fevereiro, o PT tinha a maior bancada e o direito de eleger o presidente, mas perdeu a disputa porque chegou ao plenário dividido: Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG) concorreram. Greenhalgh era o candidato do Planalto, e Virgílio, apesar dos apelos, não desistiu da disputa. Na semana passada, em conversas com aliados em Maceió, o presidente disse que os candidatos teriam de se preocupar com a "mosca azul" para não atrapalhar as negociações.
Outro nome lembrado pelo governo foi o do ex-ministro da Coordenação Política Aldo Rebelo (PCdoB) - alternativa para unir os partidos aliados, que tem o respeito da oposição, embora enfrente resistências por ter a marca do Planalto. Também foi citado o deputado Eduardo Campos (PSB-PE), ex-ministro da Ciência e Tecnologia. A análise em torno do nome de Michel Temer (PMDB-SP) foi que ele enfrenta oposição no próprio Congresso, uma vez que haveria uma concentração de poder em um único partido que passaria a controlar a Câmara e o Senado.
O governo não fez uma avaliação negativa do atual vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (AL), que na sexta-feira conversou com Lula em Maceió. Segundo políticos, Nonô disse ao presidente que disputará a presidência da Câmara e será um presidente da instituição e não apenas um representante do PFL e da oposição. Dentro do Planalto, Nonô não é considerado integrante do "PFL radical", e sim experiente parlamentar.
AGÊNCIA O GLOBO