| 14/09/2005 21h21min
Roberto Jefferson (PTB-RJ) não é mais deputado e não poderá concorrer a cargos eletivos por oito anos a partir do fim da atual legislatura. Jefferson foi cassado durante o sexto mandato na Câmara por quebra de decoro parlamentar. O homem que denunciou o mensalão e deu início à maior crise política do governo Luiz Inácio Lula da Silva deixa o Congresso e se torna inelegível até janeiro de 2015.
A votação secreta, em cédulas de papel, começou pouco depois das 19h. Para aprovar a cassação do mandato eram necessários, pelo menos, 257 votos, ou maioria simples na Câmara – de um total de 513 parlamentares. Votaram 489 deputados. Um voto foi anulado porque chegou à Mesa sem envelope, dando condições de ser identificado.
Antes, no discurso de defesa, Jefferson falou em tom de despedida. Em mais de uma oportunidade, ele conteve as lágrimas, especialmente quando citou a família. Mas, a exemplo do que ocorreu quando denunciou a suposta mesada a parlamentares da base aliada no Congresso, ainda em junho, o petebista voltou a disparar farpas sem apresentar provas.
O jornal O Globo foi a primeira vítima de Jefferson nesta terça. Segundo o deputado, o veículo seria amoral. A Rede Globo também foi criticada por ter tomado um empréstimo R$ 2,2 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Referindo-se aos jornalistas, disse que "quanto mais planfetária a manchete, maior o cheque no banco oficial".
Depois, foi a vez de atacar o governo Lula. O próprio presidente, poupado muitas vezes por Jefferson, passou a ser chamado de preguiçoso pelo ex-deputado. As acusações, no entanto, foram mais fortes contra o deputado José Dirceu (PT-SP) e o ex-presidente do PT José Genoino.
– Se tiver que sair, farei de cabeça erguida. Mostrei quem são os fariseus. Mostrei ao Brasil quem é o governo Lula. Mostrei quem é o campo majoritário do PT – disse Jefferson.
O relatório pedindo a cassação de Jefferson foi à votação depois que o Conselho de Ética da Câmara aprovou o processo porque o petebista fez denúncias sem apresentar provas e admitiu o recebimento de R$ 4 milhões do PT sem declarar à Justiça Eleitoral.
A sessão começou pouco depois das 15h, presidida pelo deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), após a desistência do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Severino enfrenta denúncias de que teria recebido propina, batizada como mensalinho, para garantir a renovação do contrato com o empresário Sebastião Buani, relativo a um restaurante na Câmara.
Jefferson será substituído pelo ex-deputado Fernando Gonçalves, também do PTB carioca.