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 | 14/09/2005 18h18min

Jefferson encerra discurso em tom de despedida

Deputado federal atacou o governo Lula e disse que sairá de cabeça erguida

O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) encerrou há pouco seu discurso de 41 minutos no plenário da Câmara, que vai votar o relatório que recomenda a cassação de seu mandato. Durante sua defesa, o deputado plenário se emocionou várias vezes e teve que conter as lágrimas.

O deputado começou citando as mulheres que, segundo ele, foram importantes em sua vida e o fizeram chegar até onde chegou. Jefferson começou pela avó e ficou com a voz embargada quando mencionou a mãe. Outro momento de emoção foi quando falou da esposa, Ana Lúcia, e das filhas, Cristiane e Fabiana, presentes à sessão no plenário da Câmara em que será votado o parecer do Conselho de Ética sugerindo a cassação do mandato do pai. Jefferson agradeceu ainda aos funcionários, à cidade de Petrópolis e às pessoas e parlamentares que lhe deram apoio.

Jefferson atacou a TV Globo por ter tomado um empréstimo R$ 2,2 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante o governo FH. Referindo-se aos jornalistas, disse que "quanto mais planfetária a manchete, maior o cheque no banco oficial". O parlamentar também criticou a prisão dos donos da cervejaria Schincariol por sonegação de impostos.

Após ressaltar que "a defesa em causa própria não é fácil", o deputado petebista contestou os pontos principais do parecer do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), relator do processo contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Jefferson disse que o povo julgará a argumentação do relator quanto à suposta falta de comprovação do esquema do mensalão. Já sobre a alegação de que teria feito a denúncia para tirar o foco das acusações de corrupção que pesavam contra ele, disse que se trata de uma "colocação mesquinha".

Em sua defesa, Jefferson citou depoimento do agente Edgar Lange, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para apontar irregularidades na área de operações dos Correios. Ele também citou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que teria sido enganado por um assessor. O deputado afirmou ainda que o governo tentou jogar no PTB a culpa pelas irregularidades nos Correios, mas somente Marcos Valério teria ligado mais de 150 vezes para a estatal.

O deputado afirmou que o governo do presidente Lula é o mais corrupto que ele já viu. Segundo ele, o governo promoveu o "mais escandaloso processo de aluguel de parlamentar". Jefferson atacou o ex-ministro José Dirceu e o chamou de "rufião do Planalto para alugar prostitutas que ele podia fazer aqui na Câmara dos Deputados".

As palavras finais do discurso de Jefferson, aplaudidas pela maioria dos presentes, foram "se tiver que sair, farei de cabeça erguida. Mostrei quem são os fariseus. Mostrei ao Brasil quem é o governo Lula. Mostrei quem é o Campo Majoritário do PT".

Após a defesa de Roberto Jefferson, a sessão dará espaço para a votação dos deputados, sendo que cada um terá cerca de três minutos para discursar. São necessários 257 votos para que a perda do mandato do parlamentar seja aprovada.

AGÊNCIA CÂMARA
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