| 12/09/2005 19h16min
O contrato que teria sido assinado pelo então primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE) está sendo analisado pela Polícia Federal (PF). Segundo a assessoria da PF, o documento – que prorrogaria o contrato da Câmara com um dos restaurantes da Casa, o Fiorella – não é original. De acordo com a polícia, o laudo sai até quinta.
Severino ganha tempo à medida que é atrasada a apresentação do cheque que comprovaria o pagamento do mensalinho. Nesta segunda-feira, a oposição teve de baixar o tom dos ataques a Severino, apesar de manter a promessa de representá-lo por quebra de decoro parlamentar.
– Esse cheque está slow-motion (em câmera lenta, como se diz no cinema). A sua não apresentação é uma coisa que preocupa, principalmente nos dias de hoje, em que tudo é informatizado – afirma o líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).
A oposição desistiu de boicotar a presença de Severino no comando da votação do pedido de cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Um dos defensores da idéia era exatamente o deputado Aleluia. Nesta segunda-feira, ele admitiu que não faltará à sessão que será presidida por Severino, porém garantiu que protestará contra a presença dele.
– Nós não seremos obstáculos. Saberemos transformar em ato político para não prejudicar a votação. E se for necessário dizer alguma coisa a Severino, eu direi. Eu não o considero mais um porta-voz da Câmara – disse Aleluia.
Apesar do recuo, o líder da minoria defende que existem, além do cheque, outras provas para cassar Severino. Cita, por exemplo, as testemunhas que garantem a existência do pagamento da propina e o documento que prorrogou o contrato do restaurante de Sebastião Buani com a Câmara. Contudo, dentro do PFL, há divergência sobre o assunto. O líder do partido na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou que a bancada ainda vai discutir se boicotará demais votações presididas por Severino. Já o vice-líder Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) não garantiu que o partido vai apresentar o pedido de cassação do presidente da Câmara.
– Vamos ter uma reunião nesta terça-feira para discutir o assunto – disse ACM Neto, acompanhado do deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
AGÊNCIAS BRASIL E O GLOBO