| 01/09/2005 21h46min
Assim que soube do conteúdo do relatório preliminar das Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPIs) dos Correios e do Mensalão, o deputado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) cobrou provas de que tenha comandado o suposto esquema do mensalão ou participado de atos de corrupção no governo.
Dirceu comparou uma eventual cassação de seu mandato a um fuzilamento. Ao ser questionado sobre a convicção política dos integrantes da CPI para recomendar uma punição, Dirceu foi enfático:
– Quando vai começar o fuzilamento? Se você já tem convicção, é um fuzilamento político. Será um julgamento político, mas é preciso ter provas. É preciso ter direito de defesa e que não haja prejulgamento.
O ex-ministro fez questão de fazer correções ao relatório apresentando pelos deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). Sobre a citação de que seu amigo Roberto Marques teria recebido autorização para sacar R$ 50 mil da conta de uma das empresas do empresário mineiro Marcos Valério, Dirceu esclareceu que Marques não era seu assessor e que não ficou comprovado o recebimento do dinheiro.
Dirceu disse ainda que não teve qualquer envolvimento com a contratação de sua ex-mulher, a psicóloga Ângela Saragoça, pelo Banco BMG e nem do empréstimo contraído por ela no Banco Rural. Os dois bancos concederam empréstimos ao PT com o aval do empresário Marcos Valério. Mas ele admitiu pela primeira vez que tinha conhecimento de que Ângela foi contratada pelo BMG e que também sabia do empréstimo do mesmo banco ao PT. O valor do empréstimo do BMG foi de R$ 2,4 milhões.
O deputado voltou a diz que pretende ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o mandato.
Sete páginas do relatório parcial das duas comissões foram destinadas à análise de um possível envolvimento do ex-ministro da Casa Civil com o suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares de partidos da base aliada ao governo.
O relatório parcial traz ainda o argumento apresentado por José Dirceu de que ele estava afastado das funções parlamentares e, por isso, não se pode lhe imputar a falta de decoro.
AGÊNCIA O GLOBO