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 | 31/08/2005 12h59min

Promotor aposta em depoimento de irmão de Celso Daniel

Delegado que foi afastado do caso também considera João Daniel peça-chave

O promotor Roberto Wider Filho e o delegado licenciado Romeu Tuma Júnior acreditam que o depoimento de João Francisco Daniel à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, marcado para esta quinta-feira, poderá ser importante para as investigações do assassinato do irmão dele, o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.

Como Francisco Daniel, Tuma Júnior e Wider defendem a tese de que o crime foi político, diferentemente da conclusão do primeiro inquérito produzido há três anos pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

– Quase tudo o que João Francisco Daniel nos disse foi provado. Ele tem as provas que nós produzimos. Dependendo de como ele construir seu depoimento à CPI, poderá incentivar mais investigações sobre o caso. Por conta disso, é que eu acho que o depoimento dele é importante – disse Wider, que atua no caso junto com o promotor Amaro José.

Afastado do caso Celso Daniel depois de defender a tese de crime político, o delegado licenciado e atual deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB-SP) compartilha da opinião do promotor.

– O irmão de Celso tem muito a falar à CPI. Ainda quando estava no início das investigações, o João Francisco Daniel me procurou para contar particularidades que poderiam ajudar na investigação sobre crime político. Certamente ele vai abordar fatos periféricos, principalmente do cotidiano do Celso Daniel na prefeitura.

Então titular da seccional de Taboão da Serra em São Paulo, Tuma Júnior foi afastado do caso Celso Daniel no dia 29 de janeiro de 2002 depois de fazer ligação entre o assassinato e o resgate de presos no presídio José Parada Neto, em Guarulhos. Dois dos envolvidos foram encontrados numa casa no município de Embu que poderia ter sido utilizada como cativeiro de Celso Daniel. No local, foi encontrado um automóvel Santana azul, onde prefeito teria sido levado para depois ser morto. Depois das revelações, Tuma Júnior foi obrigado a repassar o inquérito para o delegado Domingos Paula Neto, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O hoje deputado estadual afirma não ter recebido explicações por que teve de abandonar o caso. Ele suspeita que houve interesses políticos. Tuma Júnior, porém, faz questão de ressaltar que é contra a tese de crime comum, como concluiu o delegado do DHPP.

Os promotores do Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) de Santo André basearam-se nas investigações de Tuma Júnior e Correali para pedir a reabertura do caso Celso Daniel. O caso voltou a ser investigado pela Polícia Civil no último dia 18 de agosto, por determinação do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Abreu Filho.

AGÊNCIA O GLOBO
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