| 27/08/2005 13h42min
As investigações sobre as denúncias de compra de votos, uso do chamado caixa dois em campanhas e repasse de dinheiro não declarado a partidos políticos poderão levar o Conselho de Ética a aprovar, na próxima semana, o primeiro pedido de cassação de um deputado federal. Nesta segunda, às 18h30m, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara vai se reunir para a leitura do voto do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) sobre o processo que pede a cassação do mandato parlamentar do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das primeiras denúncias.
O voto do deputado Jairo Carneiro está lacrado dentro de um cofre no Conselho e só será aberto na reunião de segunda. Só após a abertura do voto é que se saberá se Carneiro propôs ou não a cassação de Roberto Jefferson. A reunião foi convocada pelo presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), para discussão e votação do pedido de cassação de Jefferson.
No entanto, a decisão sobre a cassação poderá ser transferida para a manhã de quinta, caso algum parlamentar membro do Conselho peça vistas da matéria. Na reunião de segunda, após a leitura do parecer, o próprio Roberto Jefferson ou seus advogados constituídos poderão fazer uso da palavra por 20 minutos, prorrogáveis, para a defesa das acusações feitas pelo Partido Liberal, na representação que pede a cassação do mandato do deputado.
O deputado Ricardo Izar disse que tão logo o Conselho decida sobre o processo contra Roberto Jefferson, ele encaminhará o parecer à Mesa Diretora da Câmara, que levará a matéria à votação no Plenário. A decisão final sobre a cassação de Jefferson será do Plenário da Casa, em votação secreta. Para Roberto Jefferson ser cassado – e perder seus direitos políticos pelos próximos nove anos e meio (oito anos, mais o restante do mandato) –, são necessários os votos favoráveis à cassação de pelo menos 257 deputados, metade mais um dos 513.
Enquanto as atenções da Câmara estarão mais voltadas para o processo contra Roberto Jefferson, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Compra de Votos reúne-se na terça para tomar o depoimento do proprietário da empresa Guaranhuns, José Carlos Batista. Na quarta, será a vez dos deputados e senadores que integram a CPI ouvirem, em sessão aberta, os depoimentos dos presidentes dos fundos de pensão, Sérgio Ricardo Rosa (Previ), Wagner Pinheiro de Oliveira (Petros) e Guilherme Narcizo de Lacerda (Funcef). Na semana passada, a CPI ouviu o depoimento dos três presidentes em reunião fechada. A CPI convocou, para depor na quinta, João Cláudio Genu, ex-assessor do líder do PP na Câmara, deputado José Janene (PR).
AGÊNCIA BRASIL