| 26/08/2005 12h56min
O ex-presidente do INSS e ex-senador pelo PMDB do Mato Grosso Carlos Bezerra foi convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Ele vai ter de explicar por que o banco BMG foi a primeira instituição financeira a assinar contrato com o INSS para explorar o mercado de crédito consignado a aposentados e pensionistas. Ainda sem data prevista, o depoimento poderá ajudar na investigação sobre a origem do dinheiro que financiou o esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza.
A comissão já tem informações sobre o trajeto que os recursos fizeram para o Exterior. Agora, os integrantes da comissão querem saber de onde provêm o dinheiro. A desconfiança dos oposicionistas é de que Valério operava como lobista de empresas e instituições financeiras dentro do governo. E o banco BMG é o número um da lista.
O senador César Borges (PFL-BA) é autor do requerimento que convocou Bezerra. Ele fez um estudo relacionando diversas medidas tomadas pelo governo e a rapidez com que o BMG conseguiu apresentar os documentos para assinar o contrato com o INSS. O documento faz um cronograma de como Valério poderia ter ajudado o BMG.
Ele lembra que em outubro de 2003 foi assinado o decreto autorizando apenas os grandes bancos a participar do mercado de crédito consignado. Depois, cita que, entre janeiro e março de 2004, o BMG emprestou R$ 29 milhões ao PT, tendo Valério como avalista. Em retribuição, segundo Borges, o governo teria assinado outro decreto permitindo que bancos menores, como o BMG, operassem o mercado de crédito consignado.
Bezerra deixou a presidência do INSS em março deste ano. À época, cogitou-se que sua cabeça havia sido pedida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), órgão classista que representa os grandes banqueiros que ficaram furiosos com o suposto privilégio concedido ao BMG. Bezerra, porém, nega ter sofrido pressões.
– Fui eu quem pediu para sair do INSS. Fiz isso em dezembro de 2004 porque estava sofrendo de pressão arterial. Daí o pessoal do PMDB pediu para eu ficar até março para aguardar a troca do senador Amir Lando (PMDB-RO) pelo Romero Jucá (PMDB-RR). Agora, pressão de bancos para que fosse demitido não houve.
AGÊNCIA O GLOBO