| 24/08/2005 14h50min
Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, o presidente do PT, Tarso Genro, deixou o Palácio do Planalto com um discurso mais ameno em relação à disputa interna no partido. Na terça, Tarso havia decidido desistir de concorrer à presidência do PT porque o ex-ministro José Dirceu pretende continuar na chapa do Campo Majoritário. Nesta quarta, o político gaúcho admitiu que poderá concorrer se o perfil da chapa representar uma ruptura com a antiga direção do partido e evitou vincular a sua decisão a José Dirceu.
– Minha posição não está relacionada com nenhum nome especial, está relacionada com a natureza da transição. Se for uma transição renovadora, para mudar o estilo de direção, de organizar o partido, de estabelecer uma outra integração entre o partido e o governo, portanto, uma ruptura com o sistema anterior, eu posso ser candidato. Se por acaso os companheiros entenderem que a transição deve ser mais suave, que deve manter um relacionamento mais estreito com o sistema dirigente anterior, estou argumentando que não sou a pessoa mais indicada – disse Tarso Genro.
Tarso afirmou que não faria observações a respeito de companheiro de partido porque isso levaria a uma disputa de pessoas, e não de critérios para organização da chapa que disputará o comando do PT nas eleições diretas do dia 18 de setembro. Ele disse que até agora não há prova material ou circunstancial em relação a Dirceu que autorize qualquer tipo de posição pelo partido. Ele afirmou ainda que os critérios para definição da chapa são políticos e não visam a ofender a honra das pessoas.
– Não vou tratar o assunto dessa maneira, por mais apaixonante que seja para vocês jornalistas. Isso gera conflito entre indivíduos e lideranças e meu propósito não é esse. Meu propósito é que amadureçamos rapidamente o conteúdo da chapa para definir os nomes que vão compô-la – disse Tarso ao responder a pergunta se sua decisão dependeria de Dirceu.
O presidente do PT disse ainda que não estabeleceu um prazo para sua decisão pois até o fim da semana haverá conversas, mas afirmou que o prazo final para registro de chapa é o dia 3 de setembro. Ele admitiu que vive um momento de dificuldade:
– Eu diria que não é uma das coisas mais fáceis da minha vida.
Tarso Genro contou que conversou com Jaques Wagner e Lula sobre a situação política do país e do partido, a natureza da transição e a necessidade de mudança na condução do PT.
– Devemos trabalhar de maneira processual para que isso ocorra e no final não restem nem mortos nem feridos – disse Tarso, que preferiu não dar mais detalhes sobre o conteúdo da conversa.
AGÊNCIA O GLOBO