| 24/08/2005 07h56min
Discreto, é entre cochichos e comandos precisos que o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu continua mandando na direção nacional do PT. A crise só fez Dirceu optar por uma atuação menos ostensiva. Agora, nos encontros do diretório nacional, não defende publicamente seu ponto de vista. Nos bastidores, conversa com petistas de sua confiança, que disseminam a idéia, podendo levar a votação ao resultado de seu interesse.
Foi assim que convenceu o ex-tesoureiro Delúbio Soares a pedir afastamento – escapando provisoriamente da expulsão. E garantiu a legenda a deputados que, ameaçados com a perda de direitos políticos, queiram renunciar.
Também o grupo de articulação foi remodelado. Com a saída de Silvio Pereira e Delúbio, outros nomes ascenderam. Mônica Valente, mulher de Delúbio e secretária de Assuntos Institucionais do partido, é uma das que passaram a atuar a seu favor.
– É evidente que Dirceu não está morto. Não podemos dar crédito a um ambiente dominado pelo denuncismo – diz o secretário de Relações Internacionais do partido, Paulo Ferreira, um dos aliados mais fiéis do ex-ministro na cúpula.
Dirceu também tem afirmado que não pretende abandonar a chapa do Campo Majoritário às próximas eleições do partido. No embate contra o presidente do PT, Tarso Genro, o deputado tem a seu favor um grupo forte de apoio.
Espalhada pela direção nacional do partido, pela Câmara dos Deputados e com ramificações até dentro do governo, é a famosa “turma do Zé”. Deputado federal afinado com Dirceu nos tempos da Casa Civil, o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mandou um recado:
– O deputado José Dirceu ainda deve ser considerado um líder na sigla.
As manobras por vezes desagradam ao Palácio do Planalto. Ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, promete investir para abafar a briga entre Tarso e Dirceu e forçar um acordo entre os dois. Dirceu tem deixado clara sua estratégia de sobrevivência:
– Se me afastasse do PT, poderia significar que nem o meu partido acredita em mim. Nem pensar – diz a interlocutores.
ZERO HORA