| 16/08/2005 15h55min
O ex-tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri afirmou hoje em depoimento que nunca participou de reunião com o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro chefe da Casa Civil, para tratar sobre o repasse de verbas do PT para o PTB. Ele disse que José Dirceu sabia das negociações nesse sentido, porque o deputado Roberto Jefferson (PTB –RJ) conversava com o ex-ministro sobre o assunto.
– Ele conversava com o ministro Zé Dirceu, com o Genoíno, com o Delúbio. Isso eu vi diversas vezes – afirmou Palmieri.
O ex-tesoureiro disse que José Dirceu sempre era consultado após as reuniões com os dirigentes do PT. Segundo Palmieri, depois das conversas com o ex-ministro, os dirigentes do PT afirmavam que estava tudo certo com relação ao repasse dos recursos.
– Depois de todas essas conversas, sempre havia uma ligação, ou do Delúbio ou do Genoíno, para o deputado José Dirceu. É o que eles diziam: ‘Vou ligar para o ministro José Dirceu – relatou Palmieri.
Palmieri reafirmou que o PT repassou para o deputado Roberto Jefferson R$ 4 milhões em duas parcelas: a primeira de R$ 2,2 milhões e a segunda de R$ 1,8 milhão. Ele disse não saber como a verba foi utilizada. O ex-tesoureiro explicou aos parlamentares que guardou o dinheiro no cofre do PTB e, três dias depois, disse ao deputado Roberto Jefferson que, por questão de segurança, estava preocupado com a quantia que estava no cofre. Roberto Jefferson teria dito, então, que o dinheiro não estava mais lá.
O ex-tesoureiro declarou ainda que o PTB não recebeu dinheiro vindo de fora do país e que nunca soube do suposto esquema do pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado mensalão. Emerson Palmieri contestou também a veracidade da lista de sacadores entregue pelo empresário Marcos Valério à comissão. Pela lista, o ex-tesoureiro teria sacado R$ 2,4 milhões das contas da agência de publicidade de Marcos Valério. Palmieri reconheceu dois saques de R$ 100 mil feitos por Alexandre Chaves, que, segundo ele, foi motorista de Ciro Gomes quando o PTB apoiou o candidato à Presidência da República.
O ex-tesoureiro afirmou que os R$ 200 mil teriam sido repassados à filha do motorista, que estava com problemas pessoais. Palmieri disse saber também de um outro saque de R$ 145 mil para pagamento de despesas em propaganda de televisão e um outro de R$ 200 mil que o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) teria repassado para o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) também para pagamento de programas de televisão.
AGÊNCIA BRASIL