| 15/08/2005 17h41min
Movimentos sociais favoráveis e contrários ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva estão preparando protestos contra a corrupção, enquanto alguns partidos continuam avaliando nesta segunda-feira a possibilidade de um processo de impeachment contra o presidente.
A primeira manifestação acontecerá amanhã, em Brasília, e foi convocada pela União Nacional de Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Coordenação dos Movimentos Sociais. Estas organizações já manifestaram seu apoio a Lula e ao governo e decidiram sair às ruas para expressar solidariedade, mas também para exigir a investigação profunda de todas as denúncias de corrupção.
O presidente da UNE, Gustavo Petta, disse que os protestos de amanhã não serão contra Lula, mas para exigir o esclarecimento das denúncias, punição aos culpados e uma profunda reforma política que torne o financiamento de campanhas mais transparente. Segundo o presidente da UNE, a manifestação de amanhã deverá reunir cerca de 15 mil pessoas.
Na quarta, as ruas de Brasília serão tomadas por grupos sociais e partidos de esquerda que protestarão contra o governo de Lula, principalmente por causa de suas políticas econômicas conservadoras. A manifestação foi convocada por organizações estudantis e de docentes, e pelo PSTU e PSOL, ambos fundados por ex-membros do PT. Segundo Júlia Eberhardt, porta-voz da Coordenação Nacional de Lutas, a saída para Lula é voltar atrás e "recuperar sua origem", com um governo de verdadeira característica social.
A ativista concordou que não há provas que justifiquem um processo de impeachment contra o presidente, mas considerou que isso também não pode ser descartado. Segundo Júlia, o protesto de quarta-feira será grande e reunirá cerca de 50 mil pessoas.
A polarização dos movimentos sociais e a esquerda em torno de Lula e do PT não é nova, mas se agravou nas últimas semanas devido às denúncias de corrupção. No Congresso, a oposição continua discutindo a conveniência e a base legal de um julgamento para eventual impeachment de Lula. O PFL sustentava a tese de que há elementos jurídicos e políticos para levar o processo adiante.
Já o PSDB acredita que deve prevalecer a calma e que um julgamento de destituição deve ser estudado com cuidado, principalmente porque seria um processo político e a popularidade de Lula ainda é grande. Muitos dos tucanos acham que os próprios escândalos desgastarão a imagem de Lula, e que já não há possibilidade de ele ser reeleito no ano que vem. Por isso, querem evitar que a crise se agrave.
Em busca de posições comuns, PFL, PSDB, PPS, PV e PDT iniciaram hoje uma rodada de consultas para discutir o possível julgamento político contra Lula.
As informações são da agência EFE.