| 08/08/2005 09h32min
O petista gaúcho Paulo Antônio Bassotto promete dar explicações nos próximos dias sobre o restante do dinheiro sacado da SMP&B – R$ 50 mil de um total de R$ 200 mil. Em São Paulo, ele foi detido com R$ 150 mil que transportava numa maleta no dia 16 de junho de 2003.
– Sou um emissário do PT e posso explicar tudo.
Essas foram as primeiras palavras do petista gaúcho Paulo Antônio Bassotto para justificar a quantia. A revelação foi feita a Zero Hora por policiais federais que atuam no Aeroporto de Congonhas, participaram da detenção de Bassotto e ouviram seu depoimento.
Os agentes dizem que Bassotto foi preso com uma mala recheada de notas de R$ 50 e que, num primeiro momento, não teria mencionado o destino do dinheiro. Esta semana, ao ser questionado, o petista canoense disse que os valores eram da agência de publicidade SMP&B e se destinavam a pagamento de serviços prestados por uma gráfica de Porto Alegre, a Comunicação Impressa. Ele nega que o dinheiro tivesse como destinatário o PT gaúcho.
O testemunho dos agentes da PF, que preferem manter o anonimato, colide com a mais recente versão de Bassotto. Ao ser abordado, ele teria se identificado como petista a serviço do partido para tentar evitar a prisão. O delegado federal Antônio Decaro, responsável pela fiscalização no aeroporto, vai além. Em entrevista ao jornal O Globo publicada no sábado, ele afirma que Bassotto teria identificado o diretório do PT no Estado como destinatário do dinheiro.
Militante petista há 19 anos e ex-presidente do PT em Canoas, Bassotto, 41 anos, está desaparecido desde que a imprensa noticiou sua detenção com uma mala de dinheiro. O episódio de Congonhas veio à tona depois que o empresário Marcos Valério de Souza, sócio da SMP&B, apresentou recibo da entrega de R$ 200 mil a Bassotto, assinado pelo petista no dia em que foi detido. O dinheiro, posteriormente liberado pelos federais, se destinaria a cobrir dívidas de campanha do PT no Rio Grande do Sul.
O advogado de Bassotto, Jorge Garcia, contesta o delegado e afirma que seu cliente jamais disse que o dinheiro era para o PT. Garcia admite que o petista se apresentou como funcionário do PT, "no desespero, porque temeu pela vida, se assustou muito".
– Foi uma bobagem. Ao ser levado para o subsolo do aeroporto, com medo de ser torturado, ele disse inclusive que guardava o dinheiro de uma amiga paulista, não soube se explicar direito. Aí parou de falar e me telefonou. Liguei então para a SMP&B e consegui as notas comprovando que o dinheiro era para a gráfica – narra Garcia.
O advogado diz que viajou duas vezes a Belo Horizonte a fim de obter mais documentos sobre os serviços prestados pela gráfica à agência SMP&B. Essa seria a razão de seu nome e telefone estarem na agenda da secretária de Marcos Valério.
DANIEL SCOLA E HUMBERTO TREZZI/ZERO HORA