Reportagem da revista Época desta semana indica que Marcos Valério de Souza, o empresário suspeito de ser o operador do mensalão, pode ter irrigado as contas da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Ministros, candidatos petistas nas eleições passadas e assessores próximos ao presidente teriam lançado dúvidas sobre os reais custos da campanha de Lula. A convicção é de que os gastos foram superiores aos R$ 21 milhões declarados oficialmente à Justiça Eleitoral, o que desmentiria o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

– Tem dinheiro do Valério, sim – admite um petista com trânsito no Palácio do Planalto.

E completou:

– A campanha extrapolou qualquer limite, especialmente no segundo turno. Ficou um buraco enorme e foi aí que o Valério apareceu para ajudar.

Demonstrando a disposição de revelar o que sabe, Valério estaria empurrando a conta para dentro do Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na sexta-feira, o empresário afirmou que contará tudo, "mas não de uma vez":

– Vou contar devagarinho e vou fazer um estrago, um barulhão.

Na terça-feira, Valério entregou à Procuradoria-Geral da República uma lista com os nomes dos supostos beneficiários dos R$ 55,8 milhões que ele tomou emprestados em bancos e repassou a Delúbio. A maior soma, de R$ 15,5 milhões, foi destinada a Zilmar Fernandes da Silveira, sócia do publicitário Duda Mendonça, e a pessoas ligadas ao marqueteiro da campanha de Lula. Desse total, mais de R$ 10 milhões teriam sido repassados no primeiro semestre de 2003. Há fortes indícios de que o dinheiro teria servido para pagar dívidas da campanha eleitoral do ano anterior.

Se essa hipótese se confirmar, cairá por terra a versão do ex-tesoureiro do PT de que a campanha de Lula não recebeu ajuda de Valério. Em 2002, Mendonça cuidou de apenas três campanhas petistas. A presidencial e a dos candidatos majoritários em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na contabilidade oficial, o publicitário recebeu R$ 7 milhões da campanha de Lula.

As informações são do jornal Zero Hora.