| 27/07/2005 17h23min
Na presença de cerca de 30 mil pessoas, em Bagé, no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o discurso escrito de lado e fez referência à crise política que atinge o país.
– Aqueles que perdem, em vez de se conformar com a derrota, ficam torcendo para que haja o fracasso do eleito – disse no anúncio da federalização da Urcamp e da criação da Universidade do Pampa, que até 2008 deve ter 12 mil alunos e 448 professores em 10 cidades.
Essa não foi a única alfinetada na gestão passada e no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula disse que aqueles que não estudaram na Sorbonne, assim como ele, não eram menos inteligentes por isso.
O presidente declarou que, ao término de seu governo, as pessoas vão poder comparar as realizações de sua administração com o que foi feito nos últimos 20 anos no país. Lula enumerou as iniciativas realizadas pelo governo na Educação, como o Prouni. Ele explicou que estava comentando as obras do governo porque a população "não estaria sendo informada das verdades que ocorrem no país", fazendo críticas à imprensa. Não foi só nesse momento que a mídia esteve em seu pronunciamento.
– Assim como sou contra a pena de morte, sou contra a condenação a priori de qualquer pessoa – afirmou Lula no fim de seu pronunciamento, quando começou a falar abertamente sobre a crise.
O presidente disse que o legado que sua família deixou foi ter "vergonha na cara".
– Muitas vezes tive vontade de fazer coisa errada quando era moleque, mas minha mãe era a primeira a me repreender. Hoje não tenho a minha mãe, eu tenho a minha consciência – concluiu o presidente, que disse que as denúncias de corrupção devem ser apuradas, e os responsáveis devem ser punidos.
Durante a maior parte dos 40 minutos de discurso, Lula falou sobre os projetos do governo, especialmente daqueles realizados pelo ministro da Educação, Tarso Genro.
– Nenhum povo conseguiu se desenvolver sem investimento em educação – afirmou Lula, acrescentando que isso não ocorreu no país.
Em sua fala, Lula não deixou de comentar as dificuldades que enfrenta a metade sul gaúcha, que deixou de ser a parte mais desenvolvida do Estado para se tornar a mais esquecida.
Em certo momento, o presidente leu um bilhete entregue por Luís Fernando, um homem que assistia ao pronunciamento da platéia:
– Só Deus e o senhor podem me ajudar, porque eu preciso estudar.
Lula declarou que a responsabilidade por atender o pedido de Luís Fernando era do prefeito de Bagé, Luiz Mainardi, e do substituto de Tarso Genro no ministério da Educação, Fernando Haddad. O presidente elogiou o trabalho de Tarso e da equipe montada pelo gaúcho.
Logo no começo do discurso, Lula declarou que seria breve, pois o seu vôo deveria partir às 17h30min, antes do anoitecer.
– Rigotto, precisamos fazer uma parceria para botar uma luzinha nesse aeroporto.
Veja imagens da visita presidencial