| 27/07/2005 10h03min
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos patrocinou eventos de diversas entidades usando como intermediária a SMP&B, agência do publicitário Marcos Valério. A SMP&B recebia o dinheiro dos Correios e repassava às entidades interessadas.
Entre estas entidades está a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que recebeu R$ 90.550 da conta da agência SMP&B no começo deste ano. A entidade informou que no ano passado pediu patrocínio de R$ 100 mil aos Correios para custear despesas com a realização de um encontro nacional de prefeitos em Brasília.
O patrocínio ao encontro foi aprovado pelo então presidente da estatal, João Henrique, e o dinheiro foi repassado no início de 2005 por meio da conta da SMP&B. A assessoria dos Correios afirma que patrocínios como esse saíam normalmente da conta da agência de Valério porque os valores estavam incluídos no contrato de publicidade firmado com a empresa.
Na lista de operações financeiras da SMP&B que está em poder da CPI dos Correios, à frente do nome da entidade consta o nome do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito de Vitória e ex-presidente da entidade. Vellozo Lucas disse que, na época, já não estava mais na FNP. O pedido de patrocínio foi feito pela ex-presidente da entidade, Kátia Born. Em nota, o PSDB capixaba afirma que q1uando a transferência foi realizada, em 7 de janeiro de 2005, o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas já havia deixado a coordenação há quase um ano e nove meses, não tendo, portanto, qualquer responsabilidade por possíveis irregularidades.
A explicação da Associação dos Juízes Federais da 1° Região (Ajufer) é parecida. Em nota, a entidade explicou que o dinheiro que recebeu era referente a patrocínio concedido pelos Correios a encontros de estudos promovidos pela entidade. A associação critica o fato de os Correios não terem avisado que o dinheiro seria repassado por uma agência de publicidade.
Por sua vez, a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), organizadora do Fórum Social Mundial, informou que os R$ 500 mil que recebeu da conta também eram referentes a patrocínio dos Correios. A estatal foi uma das patrocinadoras das edições do fórum realizadas em Porto Alegre e Mumbai, na Índia. A Abong afirma que não tem nenhuma responsabilidade no tocante à relação existente entre a ECT e a referida agência de publicidade e, assim como toda a sociedade brasileira, não tinha então nenhum motivo para não acreditar na idoneidade dos procedimentos da empresa pública ECT.
O Instituto dos Magistrados do Distrito Federal (Imag-DF) informou que o dinheiro que recebera da conta de Valério referia-se a pagamentos de anúncios publicados numa revista editada pelo instituto.
— Nós temos anunciantes que são clientes da SMP&B — disse o desembargador aposentado Valter Xavier, presidente do Imag, que se afastou do Tribunal de Justiça do DF após ser acusado de envolvimento em irregularidades com cartórios.
As informações são da Agência O Globo.