| 20/07/2005 14h26min
Delúbio Soares entrou em contradição ao afirmar que não conhece oito das 11 pessoas que figuram na lista que Marcos Valério entregou na última semana ao procurador-geral da República. Estas pessoas seriam as responsáveis pelos saques de dinheiro de contas bancárias das empresas do publicitário.
Em depoimento, que já dura mais de quatro horas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o ex-tesoureiro do PT já havia afirmado ser o único responsável pela tomada dos empréstimos e pelo repasse do dinheiro a parlamentares e outras pessoas ligadas aos partidos da base aliada. Irritado, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) questionou como Delúbio não conhecia as pessoas que eram beneficiadas pelo partido.
– Quem o senhor acha que consegue enganar? – disse ACM Neto.
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) lembrou que Delúbio Soares era o homem de confiança do presidente e agradeceu a Deus por ter sido expulsa do partido e não fazer parte mais de um partido corrupto.
Em sua vez, o senador César Borges (PFL-BA) questionou Delúbio para saber onde foram parar os R$ 39 milhões que o PT solicitou em empréstimos após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência. Segundo Delúbio, o dinheiro foi sacado por membros do PT para pagamentos de dívidas das campanhas estaduais e municipais de 2002.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) questionou por que motivo Delúbio pediu a Valério para ser seu avalista nos empréstimos do PT. O ex-tesoureiro diz que Virgílo Guimarães (PT-MG), que lhe apresentou Valério como uma pessoa digna, correta e por isso o escolheu.
O ex-tesoureiro do PT relembra que os empréstimos que fez para o partido com o aval de Valério são de R$ 2,4 milhões ao BMG e R$ 4 milhões ao Banco Rural. Ele afirma que foi o publicitário que lhe indicou que nestes bancos conseguiria empréstimo com facilidade.
Delúbio nega veemente a existência do mensalão, mas confirma a existência de um caixa dois no partido.
– Não sou de inventar as coisas. Estou dizendo tudo com transparência – diz Delúbio.