| 24/05/2005 23h12min
O delegado Luiz Flávio Zampronha, da Polícia Federal, disse que a versão apresentada pelo ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, durante depoimento prestado nesta terça, 24, não foi convincente. Marinho foi indiciado pelos crimes de corrupção passiva e fraude em licitação. Pelo crime de corrupção, a pena é de um a oito anos de prisão, e por licitação fraudulenta, de dois a quatro anos.
– O Maurício Marinho foi indiciado. É um indicativo de que a polícia não ficou satisfeita com a versão dos fatos – afirmou.
– É difícil a pessoa negar as imagens. Todo mundo viu Marinho recebendo. Aquela afirmação de que o dinheiro seria parte de um contrato de consultoria não é uma estória convincente – completou o delegado.
Durante as mais de sete horas de depoimento, Maurício Marinho se defendeu das denúncias de corrupção nos Correios, dizendo ser vítima de uma armação. Ele afirmou que iria se aposentar em dois anos e tinha o objetivo de montar uma empresa de consultoria.
– Foi um momento de auto-promoção, para uma empresa multinacional que queria trabalhar conosco. Mas na realidade, não existe empresário, não existe empresa, o que existiu foi uma armação.
Segundo Marinho, os empresários teriam os nomes de Goldman e Victor. E aceitar os R$ 3 mil foi "um ato impensado". Ele lembrou que "na gravação, em nenhum momento foi solicitado recurso, não se falou em nenhum valor. Como havia uma armação, no final, o dinheiro foi entregue". Marinho acrescentou ter tido quatro encontros com os empresários.
O delegado, no entanto, disse não ter ficado convencido.
– O fato de receber um valor dentro de um gabinete, mesmo pela versão dele, é grave.
Segundo Luiz Flávio Zampronha, a Polícia Federal está investigando a autoria das gravações. O delegado da PF preferiu não indiciar o ex-assessor da Diretoria de Administração dos Correios, Fernando Godoy, que também prestou depoimento nesta terça-feira, por cerca de duas horas.
– Esse é um primeiro interrogatório. Nada impede que eles sejam chamados novamente, que prestem novos esclarecimentos. A cada fato novo que for surgindo, eles terão de se explicar – acrescentou.
As informações são da Agência Brasil.