| 23/03/2005 19h23min
Relatório da Emater/RS divulgado nesta quarta, dia 23, estima prejuízos de R$ 4,4 bilhões na economia do Rio Grande do Sul em função da estiagem. Segundo o diretor técnico da Emater, Ricardo Schwarz, o total considera apenas o volume bruto da produção agrícola.
– O cálculo é somente no que deixa de ser colhido, sem levar em conta os reflexos que esses produtos têm nas cadeias produtivas, o que totalizaria várias vezes essa estimativa.
A Emater avalia prejuízos de 60% para a lavoura de soja, principal cultura gaúcha, de 55% para a produção de milho, de 37% para a lavoura de feijão – desenvolvida basicamente por agricultores familiares – e de 11% a 12% nas lavouras de arroz.
Ricardo Schwarz afirma que as chuvas dos últimos dias podem dar ânimo aos produtores, que enfrentam a mais séria estiagem dos últimos 70 anos no Rio Grande do Sul, mas não irá reverter os prejuízos já consolidados. Segundo ele, apenas alguns plantadores de soja poderão ser beneficiados por causa do estágio em que se encontra a lavoura.
– A esperança é de que a retomada a normalidade, em termos de precipitação (chuva), vai permitir que os agricultores façam o plantio de culturas de inverno e a melhoria em termos de pastagens nativas que favorecem a pecuária de leite e de corte – explicou.
Segundo o último levantamento da Emater, a produtividade média da lavoura de soja foi de 782 quilos por hectare, contra os 2.007 quilos por hectare esperados inicialmente para esta safra, ou seja, uma redução de 61,04%. O relatório estima produção total de 3,2 milhões de toneladas para 2005, aproximadamente 5,07 milhões a menos do que as 8,3 milhões de toneladas esperadas. O trabalho levou em consideração as informações de 261 municípios que representam 76% do cultivo com a oleaginosa no Estado.
Segundo os técnicos da Emater, a perda de 55% em média no cultivo do milho só não foi maior por causa das lavouras plantadas até o início de outubro e colhidas recentemente.
– O grande prejuízo vem ocorrendo nos 50% plantados depois de meados de outubro de 2004, quando se intensificou o quadro de estiagem no Estado. Em algumas zonas onde as perdas são totais as lavouras de milho estão sendo destinadas à alimentação animal de forma direta (pastoreio) ou em forma de silagem – afirma Schwarz.
A lavoura de arroz plantada mais tardiamente também sofreu os efeitos da seca. Antes das chuvas desta semana a Emater estimou uma produtividade média de 5.014 quilos por hectare. Esse número representa 12% a menos em relação à produtividade inicial esperada, que era de 5.732 quilos por hectare. Já as lavouras colhidas na Fronteira Oeste e em parte da região Central do Estado apresentam a produtividade esperada de cerca de 5,5 mil quilos por hectare. Com o tempo seco e a boa iluminação, 12% das lavouras já foram colhidas, 33% dos grãos estão maduros e por colher e 37% em enchimento de grãos.
As informações são da Agência Brasil.