| 14/09/2001 18h32min
Ataques a centros muçulmanos, mesquitas, casas e pontos comerciais são registrados em todo o mundo. Em alguns bairros de Chicago, centenas de norte-americanos passaram a noite gritando palavras de ordem contra muçulmanos e acabaram atacando uma mesquita e um centro islâmico. Diversos cidadãos muçulmanos também foram ameaçados. — Vão para casa, seus árabes nojentos. Vamos pegar vocês! — berrava a multidão. A polícia de Chicago investiga os incidentes e o policiamento dos bairros com grande população árabe e judaica foi reforçado. Um homem foi preso, acusado de atacar um descendente de marroquinos. No sul da Flórida, três escolas islâmicas foram fechadas. Cerca de 600 crianças não puderam assistir às aulas. Na cidade de Eugene, em Oregon, um homem foi preso por fazer ameaças telefônicas a um centro cultural muçulmano. Apesar dos apelos do prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, e do presidente norte-americano, George W. Bush, para que ninguém responsabilizasse muçulmanos pelos ataques, a população clama por vingança. Numa livraria em Alexandria, no estado da Virginia, foram atirados tijolos com papéis com frases racistas: – Vocês vieram para este país para matar nossa gente. Quero matar vocês e morte aos assassinos árabe – eram algumas das ameaças. Temerosos de novos ataques, americanos estão comprando armas, munições e máscaras contra gás. Lojas da Pennsylvania e de New Jersey registraram um aumento de 50% nas vendas destes produtos. A polícia confirmou a informação, acrescentando que só na terça-feira recebeu 2 mil pedidos de antecedentes pessoais, necessários para quem quer comprar uma arma. Na capital portuguesa, Lisboa, a história se repete. Uma mesquita foi evacuada às pressas após denúncia anônima sobre uma ameaça de bomba. Na quinta-feira, dois prédios no centro de negócios de Amoreiras, o mais importante de Lisboa, foram esvaziados depois de falsos alertas de bomba. E em Brisbane, na Austrália, um ônibus escolar com crianças muçulmanas foi apedrejado por manifestantes. Mesquitas em todo o país receberam telefones ameaçadores e mensagens racistas e suásticas foram pichadas nos muros de uma igreja libanesa, em Sydney. Mulheres muçulmanas tiveram ainda os véus arrancados por radicais. A comunidade árabe do Chuí, no Rio Grande do Sul, teme ser vítima de represálias durante as investigações dos atentados nos Estados Unidos, já que os órgãos internacionais de informação consideram a região uma rota de trânsito de terroristas. Explosões de fogos de artíficio já foram registradas na cidade desde terça-feira. Todos esses são sinais claros de que o terror pode acabar sendo pago com mais intolerância e violência.