| 05/11/2003 19h13min
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, confirmou as expectativas no final da tarde desta quarta, dia 5: o governo decidiu firmar um novo programa de ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor total de US$ 14 bilhões para 2004. Demonstrando estar muito à vontade, mesmo depois das críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao FMI em Moçambique, o ministro adiantou:
– O governo tem como objetivo, após esse acordo, deixar o Fundo, o que será bom para o país e para o Fundo.
Palocci explicou que o governo decidiu estender o acordo por mais um ano, fazendo um acordo preventivo. Aos US$ 8 bilhões que restam do acordo atual, serão somados mais US$ 6 bilhões de dinheiro novo, totalizando os US$ 14 bilhões. Segundo ele, o acordo funcionará como uma "apólice de seguro" – o governo só sacará os recursos no caso de uma crise externa.
– Devemos não tomar a última parcela do acordo e transferi-la para o acordo do ano que vem, somando a ela mais US$ 6 bilhões. Teremos então um acordo de US$ 14 bilhões – explicou.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva com a diretora-gerente do FMI Anne Krueger, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o secretário do Tesouro Nacional Joaquim Levy, quando Palocci também confirmou que o governo brasileiro conseguiu reprogramar os pagamentos da dívida com o Fundo previstos para os próximos quatro anos. A principal preocupação, segundo Palocci, foi aliviar a concentração de desembolsos em 2005. O ministro também destacou o tratamento especial para investimento em saneamento, que ficará fora da meta de superávit primário até o limite de R$ 2,87 bilhões. A meta adotada desde o início deste governo, criticada por petistas e até pela oposição, foi mantida.
– Não vejo contradição. A garantia de crescimento não significa mudar a regra do superávit. É um acordo que o Fundo tem conosco. O Brasil reverteu uma situação de gravidade e parte para um período de crescimento, temos o mesmo diagnóstico.
A vice-diretora-gerente do Fundo reagiu com bom humor às perguntas sobre a avaliação do Fundo sobre as declarações do presidente da República de que não haveria assinatura de acordo antes de dezembro. Sem desautorizar Lula, mas com um sorriso irônico, Anne Krueger fez questão de desarmar a polêmica.
– O acordo chega no começo de dezembro para aprovação do board. Será uma surpresa, mas certamente o board aprovará – afirmou Anne Krueger, reforçando a impressão de que o comando esperava que o Brasil não renovasse.